ESTRATÉGIA

Com Polocred, Pinbank entra em crédito e quer atingir R$ 40 milhões em 2025

Um aporte de capital próprio entre R$ 7 milhões e R$ 10 milhões até dezembro também está nos planos para alavancar o crédito

Felipe Negri/PinBank
Felipe Negri/PinBank | Imagem: divulgação

O Pinbank, que nasceu em 2016 para fazer split de pagamentos, acaba de dar mais um passo para consolidar o projeto de one stop bank, ou seja, tudo em serviços financeiros para PMEs num só lugar. A fintech concluiu a compra da Polocred, fintech de crédito para pequenas e médias empresas (PMEs). Com a aquisição, a empresa passa a ter a licença de Sociedade de Crédito ao Microempreendedor e à Empresa de Pequeno Porte (SCMEPP).

Em entrevista exclusiva ao Finsiders Brasil, o CEO da fintech, Felipe Negri, diz que o Pinbank já se prepara para lançar novos produtos de crédito. A meta é atingir até R$ 40 milhões em operações de crédito ao longo de 2025. Um aporte de capital próprio entre R$ 7 milhões e R$ 10 milhões até dezembro deste ano também está nos planos.

A transação entre Pinbank e Polocred, iniciada em 2017, só agora foi efetivamente concluída devido a questões regulatórias. Até então, o Pinbank, por não ser uma instituição de pagamento (IP) regulada, operava em parceria com a Polocred por meio de acordos operacionais.

“A Polocred sempre foi uma parceira próxima, com diversos acordos para operacionalizar produtos em conjunto, mas a partir do momento que obtivemos a licença de IP regulada, em 2022, pudemos finalmente dar entrada no processo de aquisição junto ao Banco Central”, explica o CEO. A partir de agora, a fintech pode expandir o seu portfólio com a concessão de Cédulas de Crédito Bancário (CCBs), o que deve ajudar mais de 600 parceiros e 20 mil estabelecimentos, além de aumentar a base de clientes em cerca de 250% até 2025.

Oferta de crédito

Com a aquisição finalizada, o Pinbank pretende integrar sua oferta de crédito ao portfólio de serviços, que já inclui soluções de pagamento. A fintech, que já atuava em banking as a service (BaaS), quer complementar sua oferta com produtos de crédito. Segundo Felipe, isso será fundamental para aumentar a fidelidade e a retenção de clientes.

“O mercado de PMEs é dinâmico, há muita flutuação na saúde financeira dessas empresas. Oferecer crédito é uma forma de garantir que nossos clientes tenham acesso a ferramentas que os ajudem a crescer e superar desafios financeiros”, afirma o CEO.

Entre as frentes de crédito que serão lançadas, estão os produtos voltados para o capital de giro, além de linhas de antecipação de recebíveis. A fintech já atua como credenciadora de cartões. Outro produto que deve integrar a oferta é o cartão de crédito pós-pago, cuja operação está sendo estruturada em parceria com a Polocred.

Segundo Felipe, o Pinbank já vem desenvolvendo motores de crédito e investindo em tecnologias que permitirão uma análise mais assertiva do perfil de risco de seus clientes. “Nosso objetivo é ter uma oferta de crédito que atenda às necessidades específicas das PMEs, sem perder o controle sobre o risco”, informa.

Além do foco no crédito, o Pinbank também conquistou, ao longo de 2023, duas licenças para ampliar seu escopo de atuação. Uma delas permite operar no mercado de câmbio, o para internalizar receitas de operações cross-border. A outra é a de credenciamento, que verticalizou toda sua operação de adquirência. Com isso, o Pinbank agora está capacitado para operar diretamente com bandeiras de cartões como Visa e Mastercard.

Câmbio e cross border

“Essas novas licenças são parte de uma estratégia maior de crescimento, que visa não apenas consolidar a fintech no mercado de pagamentos, mas também ampliar sua atuação em novos segmentos, como o de crédito e câmbio”, explica o executivo. A operação de câmbio, por exemplo, “representa uma oportunidade significativa de gerar receita adicional para o Pinbank”, que tem como meta atrair mais clientes internacionais.

“A verticalização de nossos serviços é um diferencial competitivo importante. Ao integrar todas as operações dentro da própria fintech, ganhamos eficiência e ampliamos nosso poder de mercado. Nosso foco agora é expandir ainda mais nossa oferta e nos consolidar como um player relevante não apenas no mercado de PMEs, mas também em outros segmentos, como câmbio e pagamentos cross-border“, diz o CEO.

O aumento da taxa Selic no Brasil, embora traga desafios para o setor de crédito, não representa um obstáculo intransponível para o Pinbank. Pelo contrário, o CEO da fintech vê na alta da taxa de juros uma oportunidade para aumentar a receita da empresa. “O aumento da Selic, ao mesmo tempo que encarece a captação, eleva também os spreads das operações de crédito, o que gera mais receita para nós. Estamos preparados para navegar nesse cenário e ajustar nossas operações conforme necessário”, afirma.

A expectativa do Pinbank é que a retomada dos investimentos estrangeiros no Brasil, impulsionada pela diferença entre as taxas de juros aqui e nos Estados Unidos, possa abrir novas oportunidades de captação de recursos, o que ajudaria a fintech a ampliar sua oferta de crédito sem comprometer sua rentabilidade.

Desafios

Ainda assim, os desafios regulatórios não podem ser ignorados. O processo de regularização junto ao Banco Central, que levou anos para ser concluído, foi um exemplo da complexidade que envolve o setor financeiro no Brasil. “Muitas fintechs operam sem a devida regulamentação, o que traz um risco significativo para o mercado. No nosso caso, optamos por fazer tudo de forma regularizada, o que nos traz mais segurança e credibilidade junto aos nossos clientes e investidores”, explica Felipe.

“O crédito é a peça que faltava para completar nosso ciclo de soluções para PMEs. Agora, estamos prontos para oferecer um portfólio completo, que vai desde o pagamento até o crédito, passando por antecipação de recebíveis e câmbio. Nossa expectativa é consolidar nossa posição no mercado e continuar crescendo de forma sustentável nos próximos anos”, afirma o CEO.

Além disso, o Pinbank também pretende intensificar sua atuação no segmento de BaaS, oferecendo suas soluções para outras empresas que queiram implementar serviços financeiros.

O próximo passo pode ser pleitear uma licença de Sociedade de Crédito, Financiamento e Investimento (SCFI), o nome técnico para as financeiras. “Assim, poderíamos criar a abertura de fundos para captar recursos mais acessíveis e continuar a crescer dentro do segmento”, conclui.