O Banco de Compensações Internacionais (BIS) – o “banco central dos BCs” – anunciou que dois projetos ligados a blockchain no sistema financeiro estão entre as suas prioridades deste ano. Um deles, o Projeto Promissa, é de tokenização de notas promissórias que servem como recursos para as instituições financeiras multilaterais. O outro tem relação com privacidade em operações com moedas digitais de BCs, algo que o Brasil também testando na fase atual do real digital.
Todos esses projetos com blockchain têm relação com a demanda do G20, grupo de países que o Brasil está presidindo neste ano, de tornar os bancos multilaterais de desenvolvimento melhores e mais eficazes, disse Cecilia Skingsley, líder do BIS Innovation Hub. Assim, poderão financiar mais projetos nos países.
De acordo com o BIS, o Promissa envolve o Banco Mundial e o Banco Nacional da Suíça. Além disso, o Fundo Monetário Internacional (FMI). O projeto prevê uma Prova de Conceito (PoC) de uma plataforma de notas promissórias tokenizadas, que já que em muitos casos, ainda são em papel (Imagem abaixo). É alto o número de notas promissórias e os valores que circulam por meio delas.
‘Fonte da verdade’
Essas notas são recursos que os países membros das organizações multilaterais usam para fazerem pagamentos de subscrição e contribuição a essas instituições. Com blockchain, a ideia é ter uma única “fonte de verdade” para todos os países durante todo o ciclo de vida das notas. Um ponto crucial do projeto é o controle das chamadas notas promissórias pendentes, etapa que passaria a ser digitalizada para ser mais eficiente.
“O governo de um país membro e seu banco central, atuando como custodiante designado, terá uma visão abrangente de todas as notas pendentes com diferentes instituições financeiras internacionais. E, vice-versa, instituições financeiras internacionais, como os bancos de desenvolvimento multilaterais, terão visibilidade uniforme das notas pendentes mantidas por diferentes bancos centrais”, afirmou o BIS. Os testes e a PoC devem terminar até o início de 2015.
Se projeto der certo, poderia ser estendido para incluir pagamentos e resgates associados às notas pela integração de sistemas de pagamento tokenizados baseados em dinheiro privado ou público.
Um outro projeto envolvendo blockchain é o Aurum, do BIS com Hong Kong, que está entrando na fase de teste de privacidade em pagamentos no varejo com CBDCs. O objetivo é aprender com conhecimentos da academia e reguladores de privacidade “para avançar no entendimento da privacidade do design de sistemas de CBDC”, disse Cecilia.
O Aurum é um projeto de CBDC de varejo com um sistema interbancário de atacado e um sistema de carteira digital de varejo. Assim, envolve tokens de CBDC de intermediação que são uma garantia direta do Banco Central. Além disso, inclui e stablecoins lastreadas pela CBDC no sistema interbancário, garantizadas pelos bancos emissores, com seus ativos de lastro mantidos pelo BC.
O BIS Innovation Hub anunciou outros quatro projetos como prioridade neste ano.
O governo digital é uma das prioridades o Brasil escolheu para seu período na presidência do grupo do grupo das 20 maiores economias do mundo. Por isso, abriu processo para contratação de consultores digitais para acessar o governo no G20.
*Conteúdo publicado originalmente no portal parceiro Blocknews.
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