O futuro do setor, segundo o presidente do BC: tokenização, marketplaces e soluções para nichos

Na visão de Roberto Campos Neto, o Pix caminha para ser uma plataforma de "pagamentos programáveis" nos próximos anos

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, enxerga nos próximos cinco anos um sistema financeiro mais digital e tokenizado, com a criação de produtos e serviços cada vez mais segmentados e o desenvolvimento de marketplaces para comparação e portabilidade das soluções. A visão foi compartilhada por ele na live semanal do órgão, no YouTube. 

O prognóstico do atual chefe da autoridade monetária se baseia na combinação entre os quatro blocos da agenda de inovação e tecnologia do BC: trilho de pagamentos instantâneos (Pix); plataforma de compartilhamento de dados financeiros (Open Finance); internacionalização da moeda; e tokenização dos ativos com a criação do Drex, a versão digital do Real. 


“O sistema [financeiro] vai ser mais segmentado. Com o Open Finance e os dados abertos, vai ter muita empresa se especializando em nichos ou mercados. Vamos ver mais marketplaces, com um acesso ao maior número possível de produtos e serviços. Se serão duas ou três plataformas ou mais, é difícil de prever”, afirmou Campos Neto. Em sua visão, o Drex também é uma forma de “migrar do mundo de contas para o mundo tokenizado”. 

Pagamentos programáveis

Exemplo para outros países na América Latina e também mundo afora, o Pix caminha para ser uma plataforma de “pagamentos programáveis”, segundo o presidente do BC. O sistema está evoluindo com novas funcionalidades, entre elas, o Pix Automático e as modalidades offline e internacional. Uma das ideias é que seja possível, com o Pix, programar fluxos de pagamentos ao longo do tempo, citou Campos Neto. 

De acordo com o presidente do BC, o “grande pulo do gato” será a conexão entre diferentes plataformas de pagamentos digitais pelo mundo. Segundo ele, o tema está em discussão no âmbito do G20, com o objetivo de solucionar as questões de governança e legislação aplicadas em cada nação. “Já existe tecnologia que consegue conectar as moedas dos países”, disse Campos Neto.

Outra peça fundamental na agenda de inovação do BC é o Open Finance, que já passou de 50 bilhões de chamadas de APIs. O grande desafio é a homogeneização dos dados, citou o presidente do órgão. “Aí entramos num processo em que se tem duas novas grandes batalhas: a da principalidade e a briga por canal”, apontou.

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