Dinheiro está migrando do papel para o Pixel, mostra report

Nos últimos anos, também cresceu a pentração dos serviços bancários na América Latina, aponta relatório da gestora de venture capital Atlantico

Para a gestora de venture capital Atlantico, uma das cinco forças que moldam a América Latina atualmente é o dinheiro, que caminha para migrar do papel em direção ao Pixel. As outras forças são: América Latina como o “motor do mundo”; democratização digital; renovação do espírito empreendedor; e inteligência artificial (IA).  

São elas as responsáveis por formar o que o VC chama de mudanças tectônicas. A expressão é uma referência ao movimento das placas tectônicas (alô, aula de geografia!), aquelas estruturas da crosta terrestre que levaram a erupções e terremotos.  

“O cenário de tecnologia na América Latina, que contribui atualmente com apenas 2% para o PIB da região, apresenta oportunidades que aguardam mais inovação. Em contraste, o cenário de tecnologia da Índia e da China representa 11% e 20% de seus respectivos PIBs. Essa divergência prepara o terreno para o iminente crescimento tecnológico na América Latina”, afirma Julio Vasconcellos, fundador e managing partner do Atlantico, em nota.

Dinheiro digital

Falando sobre o movimento do dinheiro em uma economia cada vez mais digital, é interessante observar a rápida disseminação do Pix entre os brasileiros. Conforme pesquisa feita pela Atlantico em conjunto com a Atlas Intelligence, oito em cada dez pessoas acreditam que o Pix teve impacto positivo ou muito positivo em suas vidas. Tanto é que 43% dos entrevistados utilizam o sistema de pagamento instantâneo diariamente. 

Para se ter uma ideia da relevância do Pix no dia a dia dos indivíduos, o uso do dinheiro diariamente é uma realidade para 21% dos ouvidos. O cartão de crédito, por sua vez, é um método de pagamento utilizado todos os dias por 29% dos brasileiros. 

O report mostra, também, a evolução dos serviços bancários entre a população na América Latina. Na região, a penetração de conta bancária cresceu 18 pontos percentuais entre 2017 e 2021 — saiu de 55% para 74%, conforme dados do FMI e do Banco Mundial. Como comparação, na Índia, esse indicador caiu de 80% para 78%. Já nos EUA, atingiu 95% em 2021, contra 93% quatro anos antes. 

Competição

No Brasil, além da maior adoção de serviços financeiros em geral, houve um aumento na concorrência, com um número crescente de instituições de pagamento (IPs) e fintechs de crédito (SCDs e SEPs). Agora, a batalha é pela tal da “principalidade”, ou seja, ser o banco número 1 dos consumidores. 

Entre os clientes de bancos digitais, 17% veem esses players como seu 1º banco, e 35% como 1º ou 2º banco, de acordo com pesquisa do Google. No caso de quem usa os serviços dos incumbentes, 34% das pessoas enxergam essas instituições como seu 1º banco, e 58% como 1º ou 2º banco. 

No México, o impulso das fintechs e o futuro DiMo — o sistema de pagamento em tempo real que será lançado pelo Banco Central do país — devem destravar a digitalização bancária por lá. Entre 2016 e 2022, passou de 3 para 23 o número de bancos digitais no México. Já o volume financeiro de transações digitais de baixo valor cresceu 55% entre 2021 e 2022. 

O capítulo dedicado a serviços financeiro mostra, ainda, os dados do Open Finance no Brasil, a evolução das transações via iniciação de pagamento e a agenda futura das iniciativas do Banco Central, como novas modalidades utilizando a infraestrutura do Pix (Automático, Internacional, Offline e outros), assim como o piloto do Drex, o Real Digital. 

O relatório “Transformação Digital na América Latina 2023” está disponível no site da Atlantico

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