Em tempos de Open Finance, cresce a desconfiança na gestão de dados pessoais pelos bancos

A desconfiança completa na forma com os bancos cuidam dos dados pessoais passou de 2% para 10% entre 2022 e este ano, segundo pesquisa

Os brasileiros estão mais desconfiados na gestão de seus dados pessoais pelos bancos na comparação com o ano passado. De 2022 até agora, a desconfiança completa nas instituições financeiras passou de 2% para 10%. Os dados são do levantamento realizado pelo site de notícias Mobile Time e a empresa de soluções de pesquisa Opinion Box.

Um dos fatores lembrados é o Open Finance. “A perda de confiança coincide com a chegada do Open Finance e pode estar relacionada a uma má compreensão do público sobre as regras de compartilhamento de dados entre instituições financeiras”, diz a análise. 

De acordo com a amostra, houve um aumento generalizado da desconfiança dos consumidores sobre a gestão de seus dados pessoais em diferentes setores, em relação à mesma pesquisa realizada há 12 meses. A proporção de entrevistados que deram a nota mínima (1), que significa “desconfio completamente”, aumentou em todos os aspectos. 

O maior crescimento da desconfiança aconteceu em relação às redes sociais. Para esse setor, a desconfiança dos brasileiros disparou, passando de 9% para 30% entre aqueles que afirmam desconfiar completamente das empresas na gestão de seus dados.

Para a amostra, foram questionados 2.317 brasileiros com acesso a internet e que possuem smartphones. As entrevistas ocorreram no formato online entre 11 e 20 de outubro. A margem de erro é de 2,0 pontos percentuais e o grau de confiança é de 95%.

Por outro lado…

Ainda que os usuários estejam mais atentos sobre a gestão de seus dados pessoais pelas empresas do setor financeiro, cerca de 49% dos brasileiros confiam muito ou completamente nos bancos para a tarefa. Por outro lado, 30% têm uma confiança regular, enquanto 21% dizem confiar pouco ou nada nas companhias do setor.

Os resultados apontam, ainda, que as instituições financeiras possuem o mais alto índice de confiança, superando setores como órgãos governamentais (34% confiam muito ou completamente neles), seguradoras (28%), distribuidoras de energia (27%), operadoras de telefonia (19%), sites e apps de e-commerce (18%) e redes sociais (15%).

Nesse sentido, as empresas financeiras também têm o menor grau de rejeição. A parcela de usuários que diz confiar pouco ou nada nos bancos (21%) é bem inferior a de setores como redes sociais (54%), operadoras de telefonia (50%), apps e sites de e-commerce (46%), seguradoras (34%), órgãos governamentais (33%) e distribuidoras de energia (32%).

Monetização dos dados

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, tem dito que uma das tendências para o setor é a monetização dos dados com o surgimento de agregadores financeiros. “Em um ano ou dois, vão surgir aplicativos que vão funcionar como agregadores financeiros”, afirmou ele no início de novembro, em evento da DrumWave.

No Congresso, há, inclusive, um Projeto de Lei Complementar (234/2023) do deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) que visa regulamentar essa prática. O texto institui a Lei Geral de Empoderamento de Dados e trata do Ecossistema Brasileiro de Monetização dos Dados. 

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