Nos últimos três anos, em meio ao “inverno das startups”, o volume de investimento em fintechs no mundo todo despencou, assim como os múltiplos de avaliação das empresas. Em contrapartida, as receitas cresceram globalmente — o avanço foi ainda mais forte na América Latina. Com o foco voltado para a lucratividade, as companhias do setor têm um futuro promissor à frente. Temas como inteligência artificial, embedded finance e Open Finance devem pavimentar a expansão do “novo” ecossistema de fintechs.
As conclusões estão em um novo estudo feito pela consultoria Boston Consulting Group (BCG) e pelo fundo de venture capital QED Investors. De acordo com o relatório “Global Fintech 2024: Prudence, Profits, and Growth”, as receitas de fintechs públicas e privadas tiveram uma taxa de crescimento anual composta de 14%, entre 2021 e 2023. Já os múltiplos sobre a receita, em média, passaram de 20x em 2021 para 4x no ano passado [veja gráfico abaixo].
“As fintechs estão crescendo mais rápido do que os incumbentes e, enquanto os US$ 320 bilhões de receita de fintech representam menos de 3% hoje, os avanços exponenciais em GenAI e o crescimento contínuo do embedded finance significam que ainda estamos nos estágios iniciais da jornada das fintechs, onde a separação entre vencedores e perdedores está se tornando aparente”, disse Nigel Morris, Managing Partner do QED Investors, em nota.
Os autores do estudo destacam que os fundamentos que impulsionaram o mercado de fintechs desde o início continuam e prometem “crescimento contínuo”. Nesse sentido, o relatório mantém a projeção de o setor chegar a 2030 com uma receita global de US$ 1,5 trilhão, o que significaria um crescimento de cinco vezes em sete anos. “Lucratividade e compliance agora são os pilares do sucesso das fintechs”, afirmou Deepak Goyal, managing partner e sócio sênior do BCG.
Tendências
O estudo (íntegra aqui) destaca, ainda, um conjunto de tendências que devem influenciar a evolução da indústria de fintechs. Uma delas é a incorporação de serviços financeiros por plataformas não financeiras, como varejo e outros setores. Nas projeções do relatório, o embedded finance movimentará mundialmente US$ 320 bilhões até 2030, puxado pelo segmento de pequenas e médias empresas (PMEs).
Além disso, Open Finance e inteligência artificial generativa (GenAI) são outros assuntos que vão impulsionar a expansão do setor. “Tanto as fintechs quanto os bancos tradicionais estão usando a GenAI em atendimento ao cliente, na programação de softwares, na área regulatória e para marketing digital direcionado e automatizado”, aponta o estudo.
Mais uma “trend” no setor é a intersecção cada vez maior entre comércio e serviços financeiros. Isso significa não apenas embarcar marketplaces em aplicativos bancários, mas também aproveitar os dados transacionais para publicidade. “Usando dados granulares de clientes, os bancos exibem anúncios hiper personalizados para seus clientes. Já os comerciantes pagam ao banco com base nas vendas ou no tráfego”, diz o relatório.
O material se baseou em insights de entrevistas com mais de 60 CEOs e investidores globais de fintech.