Este será um ano de definição para as fintechs no Brasil. Segundo Rafael Goulart, country manager da Pomelo, as empresas de tecnologia financeira vão avançar em meio ao cenário de descentralização do crédito, Open Finance e uso de Inteligência Artificial (IA). Além disso, inovações regulatórias propostas pelo Banco Central (BC) devem garantir mais segurança, transparência e controles mais rígidos na prevenção a fraudes. E isso será positivo para o mercado como um todo.
A Pomelo é uma empresa de tecnologia voltada ao processamento de cartões. Presente em seis países, a companhia ampliou sua presença no Brasil em 2024, atraindo clientes importantes para a sua plataforma. Em 2025, um dos focos da fintech será o cartão de crédito, diz Rafael. Confira os principais trechos da entrevista:
O que esperar das fintechs em 2025?
As fintechs continuarão desempenhando um papel crucial na descentralização e democratização dos serviços financeiros e de crédito no Brasil, sempre com a tecnologia e a criatividade como suas principais aliadas. No entanto, em 2025, será ainda mais importante que as fintechs se alinhem às iniciativas regulatórias do Banco Central, especialmente com a Consulta Pública 108/2024 em andamento. A regulamentação do Banking as a Service (BaaS) promete transformar o mercado, com o objetivo de garantir maior segurança, transparência e controles mais rígidos na prevenção à lavagem de dinheiro. Uma das mudanças que está sendo considerada é limitar a atuação de um único provedor de BaaS por “serviço financeiro”, o que pode impactar muitas fintechs e empresas não financeiras que operam com múltiplas instituições reguladas. Caso essa proposta seja mantida, mudanças significativas no setor são esperadas. Mas é importante ressaltar que o Banco Central tem bons motivos para revisar as condições, visando garantir a competitividade, a descentralização e um ambiente inovador.
Como será o cenário de crédito em 2025?
A descentralização do crédito, um processo já em andamento, tende a se intensificar. Com o aumento do acesso a informações por meio de Open Finance, registradoras e o uso de IA na gestão de dados, a concessão de crédito se tornará cada vez menos dependente de um relacionamento prévio com o credor. Além disso, empresas que controlam o fluxo financeiro com seus fornecedores e clientes terão mais oportunidades de conceder crédito sustentável e oferecer serviços financeiros. Dessa forma, fortalecem seu negócio principal e geram benefícios como alongamento do fluxo de caixa, capital de giro, fidelização e novas receitas vindas do crédito.
Como a solução da Pomelo pode ser usada pelos bancos?
A Pomelo atua como parceira estratégica, ajudando a criar e a escalar produtos financeiros. Trabalhamos no modelo de incubadora, ou seja, conseguimos lançar o produto rapidamente para validar a tese. Essa metodologia permite, então, que os clientes internalizem os processos após o produto ganhar escala. A Pomelo entra, implementa a tecnologia, lança o cartão e testa a tese. Se o resultado for positivo, o banco consegue incorporar a operação desse cartão.
Quais são as perspectivas da Pomelo para 2025?
O ano de 2024 foi muito positivo para a Pomelo, com resultados financeiros significativos e uma evolução da nossa plataforma, que continuará acelerando e escalando projetos a partir de 2025. O desenvolvimento do nosso módulo de “core de crédito” gerou novos contratos no final de 2024. Estamos otimistas com as perspectivas para 2025, que promete ser ainda melhor, com a expansão da nossa tecnologia e operações.
*Jornalista, sócio e CEO da Ovo Comunicação.