Carioca, Luciana é médica e criou a Medicinae por acreditar que os pagamentos de clínicas, hospitais e laboratórios deveriam ser facilitados. Por isso, construiu um produto para dar autonomia e previsibilidade aos prestadores de serviços de saúde, usando dados de sua operação e disponibilizando seus pagamentos de convênios e cartões em até 24h. A fintech recebeu investimentos do fundo especializado em fintechs da Bossa Nova Investimentos e foi acelerada pela Visa.
Por que decidiu empreender?
Eu sempre fui muito questionadora e adorava descobrir como as coisas funcionavam, não à toa escolhi a Cirurgia Geral como especialidade. Mas além de “consertar” as coisas, me incomodava muito com fazemos a mesma coisa do mesmo jeito, sem poder fazer diferente, e muitas das vezes até melhor. Aquela resposta de “Eu sempre fiz assim” me matava, se não houvesse uma explicação lógica sobre essa rotina assumida, eu simplesmente tentava de outra forma. Esse inconformismo foi o primeiro passo para sair da minha zona de conforto. Aliado a um momento profissional onde eu me encontrava dentro de uma grande empresa que passava por sérias dificuldades, recebi O chamado – e fui empreender. Já havia tido uma empresa de auditoria médica antes e não havia dado certo por eu não me dedicar integralmente. E nesta segunda oportunidade fui de peito aberto e me dedico exclusivamente a Medicinae há quatro anos. Temos momentos de euforia, assim como alguns momentos bem difíceis, mas o saldo é positivo. Deixar para o mundo a sua contribuição de mudança é apaixonante.
Como enfrentou as barreiras?
Com persistência e resiliência. Isso é o que me faz transpor barreiras e é o que todo empreendedor deve ter como característica. As dificuldades existem, e agora temos uma luz maior na diversidade de gênero, como nunca houve. Isto não vai fazer sua luta mais fácil, mas vai em alguns casos tirar o peso que nos colocavam da não capacidade. Já tive uma promoção que não veio pela explicação de ser muito nova, mas na verdade eu era a única mulher na disputa. Fui ser chefiada por uma pessoa que não tinha capacidade de estar no cargo. Mas não fiquei na empresa mais muito tempo para poder avaliar esse colega. Meu conselho é: não se acomode. Busque por lugares onde o gênero não seja fator decisivo para o seu crescimento. Medo de mudança todos temos, é humano. Mas não se deixe dominar, ele acorrenta o seu crescimento.
Onde quer estar daqui a dez anos?
Eu quero ter ajudado a humanizar a cadeia assistencial da saúde com entregas pautadas em inteligência de dados, tecnologia e racionalização de custos. Estamos em profunda mudança na saúde. Quero ser um agente dessa mudança. Até onde isso vai me levar? Ainda não sei onde, mas espero ter aprendido muito nessa jornada.