Agfintech Traive levanta US$ 10 milhões com braço de VC da BASF

Um ano depois da Série A, a fintech do agro Traive acaba de levantar US$ 10 milhões em uma captação pré-Série B

A agfintech Traive acaba de levantar US$ 10 milhões em uma captação pré-Série B, numa rodada liderada pela BASF Venture Capital (BVC), braço de investimento em startups da multinacional alemã. O negócio representa o primeiro aporte direto feito pela companhia em uma startup na América do Sul.

O cheque vem um ano depois que a Traive divulgou uma rodada Série A de US$ 17 milhões, em uma captação coliderada pelos fundos de Venture Capital SP Ventures e Astella, além de veículos de grandes empresas, como Minerva VC, Syngenta Group Ventures, Serasa Experian VC e CSN Inova Ventures.

Fundada em 2018 e com operações no Brasil e nos EUA, a Traive desenvolve infraestrutura tecnológica para serviços financeiros baseada em inteligência artificial para análise de risco de crédito e gestão de portfólio de recebíveis agrícolas.

A tecnologia foi desenvolvida no MIT pelo casal brasileiro Aline e Fabricio Pezente (você leu sobre a história no Finsiders em 2020). A empresa une a experiência da dupla no agronegócio — Aline passou por companhias como Louis Dreyfus Company, BRF e Cargill — e no setor financeiro — Fabricio atuou por mais de 12 anos no Credit Suisse.

Na prática, a solução da agfintech digitaliza toda a jornada do crédito agrícola desde a demanda do produtor até o mercado financeiro, tendo a cadeia de venda de insumos agrícolas como principais clientes. Sua tecnologia permite que empresas de defensivos, revendas, cooperativas e tradings façam a análise, registro, gestão e comercialização de seus créditos em uma única plataforma.

Karime Hajar Alves, gerente de investimentos da BASF Venture Capital na América do Sul, e Fabricio Pezente, CEO e cofundador da Traive (Foto: Divulgação)
Karime Hajar Alves, gerente de investimentos da BASF Venture Capital na América do Sul, e Fabricio Pezente, CEO e cofundador da Traive (Foto: Divulgação)

Segundo a empresa, a solução gera uma avaliação de risco imediata com seus modelos de inteligência artificial proprietários. Por meio de mecanismos de monitoramento em tempo real do risco da carteira de crédito, a tecnologia contribui para que gestores de crédito, bancos e fintechs tomem decisões mais precisas e ágeis, reduzindo custos e mitigando riscos financeiros.

“Nossa plataforma tecnológica tem o potencial de mudar estruturalmente a forma como crédito e risco são medidos, monitorados e vendidos na indústria agrícola”, diz Fabricio Pezente, cofundador e CEO da Traive, em nota. “O comprometimento da BASF Venture Capital e a combinação de investidores institucionais e estratégicos nesta rodada nos traz um aporte de capital estratégico para acelerar nossa jornada.”

Karime Hajar Alves, gerente de investimentos da BASF Venture Capital na América do Sul, diz estar entusiasmada em explorar o potencial de sinergia entre os negócios. “Tanto a Traive quanto a BASF aspiram impulsionar a digitalização da agricultura e a serem parceiros de negócios em toda sua cadeia de valor, desde a indústria até o agricultor passando por toda a rede de varejo e distribuição”, afirma, também em nota.

Agfintech

Nos últimos anos, o número de agfintechs no Brasil vem crescendo. Na lista, estão players como a Agrolend (que levantou US$ 14 milhões em janeiro) e a TerraMagna (que recebeu um aporte liderado pelo SoftBank, também no começo do ano).

Conforme o último Radar AgTech, produzido por Embrapa, SP Ventures e Homo Ludens, 12,6% das 1.574 agtechs atuam antes da fazenda e, nesse universo, 21,1% têm soluções de crédito, permuta, seguro, créditos de carbono e análise fiduciária — a edição 2022 do estudo ainda não foi lançada.

Potencial não falta: a necessidade de financiamento agrícola no Brasil é de R$ 800 bilhões, conforme estimativa do Ministério da Agricultura. O governo vai disponibilizar, contudo, um total de R$ 340,88 bilhões no Plano Safra 2022/23, o que significa uma oportunidade de fontes alternativas de financiamento para além dos grandes bancos públicos e privados.

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