Resultado de um “namoro” de dois anos, a Credoro, fintech catarinense especializada em crédito, e a paulistana Cobre Fácil, plataforma de gestão de cobrança e serviços financeiros, comunicam nesta quarta-feira (26) uma combinação entre os negócios.
A nova empresa nasce com um cheque de R$ 50 milhões feito pela holding norte-americana Feba Capital, que já havia anteriormente participado de outros aportes de ambas as startups e serviu como uma espécie de “cupido” neste relacionamento entre as duas fintechs. A firma tem, ainda, no portfólio startups como Leoa e oimenu.
A expectativa é que o quadro com 35 funcionários dobre até o fim deste ano. E que, juntas, as empresas tripliquem as operações de crédito para R$ 150 milhões.
A previsão é que as empresas concluam a integração em três meses, contabilizando 50 mil usuários cadastrados ativos nas plataformas — 30 mil na Credoro e 20 mil na Cobre Fácil. Enquanto isso, ambas seguirão operando independentemente — com exceção de algumas frentes, por exemplo, os setores financeiro e jurídico.
A ideia é criar uma holding no futuro, como contam Marcos Paulo Tridapalli, CEO da Credoro, e Paulo Henrique, CEO da Cobre Fácil, em entrevista ao Finsiders.
Para quem não conhece, a Credoro está em operação há cerca de dois anos, após aporte da Feba, cujo valor não foi divulgado. A empresa tem foco a distribuição de infraestrutura de crédito, ou seja, um negócio voltado para soluções de credit as a service (CaaS), além de um motor de crédito, com tecnologia machine learning, para armazenar, automaticamente e constantemente, dados sobre os clientes para análise de risco.
A Cobre Fácil, por sua vez, fundada em 2016, já era cliente da Credoro e o negócio é voltado para a gestão de recebíveis. Paulo Henrique conta que a empresa estava procurando ampliar seus serviços para antecipar esses recebíveis. Como não conta com essa expertise, recorreu a Credoro e, após uma negociação de dois anos, fecharam a fusão agora.
“Após dois anos, digamos, de namoro, ambas estão maduras o suficiente para darmos um próximo passo”, diz Paulo Henrique, da Cobre Fácil. “Vamos trabalhar os próximos três meses no aculturamento da empresa”, complementa Marcos Paulo, da Credoro.
Mas eles não descartam que, paralelamente, mais parcerias serão buscadas na busca por oferecer a melhor estrutura de crédito para pessoas físicas ou jurídicas.
Inclusive, a Credoro fechou recentemente uma parceria com o grupo de mídia VCRP Brasil para lançar uma solução que visa financiar projetos de mídia para startups, o VCRP Bank, conforme mostrou o Startups.
Tendência
Assim como aportes, as fusões e as aquisições serão tendência entre as fintechs neste ano, ainda mais em setores disputados.
O mercado de crédito está cada vez mais concorrido. Conforme dados do Banco Central (BC), o Brasil possui hoje 74 fintechs de crédito autorizadas pelo regulador. E o próprio órgão vê – e até estimula – uma demanda crescente. Neste cenário, M&As são saídas para sobreviver, assim como escalar.
Em 2021, as fintechs foram as startups mais compradas segundo o mais recente relatório produzido pela Sling Hub: 21% (ou 55) das empresas de tecnologia adquiridas no ano passado foram fintechs. Este segmento também representou 26% (ou 37) dos compradores, com destaque para a compra da Acesso pelo Méliuz por R$ 324 milhões.
Este ano já começou com movimentações de M&A. A mais recente, por exemplo, foi a compra da Capitalz, fintech de crédito especializada em empresas de médio porte, pela Stark, que se posiciona como um investment banking (IB) digital com foco em médias empresas e startups. O valor da operação não foi divulgado.
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