Com 'invisible banking' especializado em Pix, Aarin capta R$ 2 milhões

A atuação de plataformas ‘invisíveis’, que permitem empresas terem soluções financeiras, é uma tendência. Bebe da fonte do ‘embedded finance’, mas vai além. Com a popularização do Pix, varejistas e e-commerces precisam de tecnologias para fazer a integração ao sistema. É com essa proposta que a Aarin chegou ao mercado há pouco menos de seis meses. A ideia é ser um ‘invisible banking’ com foco em Pix e Open Banking.

Agora, a fintech acaba de levantar um seed money de R$ 2 milhões, que será destinado para tecnologia, produto, growth e pessoas. Com o novo investimento, a empresa passa a ter um valuation (post-money) de R$ 20 milhões. Participaram da nova rodada a RB3 Participações, a Cubos Venture Studio, além de alguns executivos do Brasil, Estados Unidos e Espanha (nomes não revelados). É o segundo cheque recebido pela startup, que tinha captado um pre-seed com investidores-anjo, logo no início das operações em janeiro.

“A ideia é que agora, entre agosto e setembro, já entre em captação um aporte mais robusto”, adianta ao Finsiders Ticiana Amorim, fundadora da techfin, ex-ZigPay e JusBrasil. Ao lado dela como founders estão Lúcio Cordeiro (ex-Revelo e 99) e Victor Tavares (ex-Cubos Tecnologia).

A plataforma

Por meio da tecnologia “Smart Core”, a plataforma da Aarin permite que qualquer player do mercado consiga ofertar serviços financeiros a partir do compartilhamento de informações. Assim, na hora do pagamento, o cliente que escolhe adquirir um produto pelo novo sistema abre o aplicativo do banco, faz a leitura de um QR Code que aparece na tela do caixa e o sistema registra o recebimento, sem que a loja precise ter acesso ao extrato da conta bancária do consumidor para confirmação. Além disso, o programa da Aarin também ajuda a reduzir fraudes, uma vez que a transferência é instantânea e dispensa o cartão físico.

Atualmente, mais de 100 clientes compõem o portfólio da Aarin, como Desinchá, Quero Delivery, Zigpay e mais recentemente, o Hard Rock Café. Com mais de 10 mil transações por dia na plataforma, já registrou cerca de R$ 5 milhões em pagamentos desde a sua criação. A estimativa é faturar, até o final do ano, cerca de R$ 750 mil.

“A gente trabalha no desenvolvimento ágil de produto. É um mercado que a gente está olhando com muito carinho, porque realmente tende a ser o próximo internet banking. A gente está realmente muito focado em empoderar essas empresas por meio dos sistemas delas. O grande lance da Aarin é que a gente está em múltiplos mercados com a mesma tecnologia”, destaca a fundadora.

Ticiana Amorin, fundadora da Aarin (Foto: Divulgação).

Os números registrados do Pix, pouco mais de seis meses após o lançamento, também refletem essa ascensão. O sistema já atraiu quase 6 milhões de empresas — só o volume de transações, por exemplo, superou os R$ 540 milhões no mês de maio.

“A gente entende que para uma startup crescer, ela precisa ter um produto muito bom, além de entregar tração. E a nossa empresa é muito focada em tração. Agora em junho a gente fechou 35 novos clientes, um crescimento de quase 200% em relação ao mês de maio”. As transações feitas pelos clientes têm crescido, em média, de 10% a 20% ao mês.

Mercado bombando

Entre os concorrentes da Aarin, destacam-se players que atuam também com BaaS, como Bankly (da Acesso, comprada pela Méliuz);  FitBank (investido de CSU e J.P. Morgan); Matera e Outbank. A Totvs também vem avançando em sua unidade de negócio Techfin, com o objetivo de ampliar o acesso dos seus mais de 40 mil clientes a serviços financeiros no Brasil. De uma maneira ou outra, a Aarin também acaba concorrendo com adquirentes como Stone que, não custa lembrar, comprou a Linx no ano passado por R$ 6,7 bilhões.

Ainda como competidor, esse sim dedicado exclusivamente ao mundo de pagamentos, vale citar a Shipay, fintech que integra as principais wallets disponíveis no mercado por meio de conexão com o sistema do caixa da loja (PDV) ou sistemas de gestão empresarial (ERP). explicaram no ano passado os sócio-fundadores Luiz Coimbra, ex-superintendente de cartões do Itaú Unibanco, e Charles Hagler, ex-diretor da Embraer e da Totvs, na época a primeira entrevista deles. A empresa, inclusive, vem fechando parcerias. As mais recentes foram com o Banco Original e com a Porto Seguro.

(Colaborou Danylo Martins)