A SMU Investimentos acaba de comprar outras duas plataformas de crowdfunding de investimento: Primecap e Organismo. Com as transações, de valores não revelados, a fintech quer avançar no mercado de escritórios de assessores de investimentos. Para isso, está criando a SMU Prime, versão B2B voltada para esse segmento. A partir de agora, o objetivo também é atrair mais investidores institucionais, com operações de equity e dívida.
As duas plataformas adquiridas passam a fazer parte da holding operacional SMU. Além da própria plataforma, debaixo dela fica a Estar Finance, mercado de balcão organizado de ativos tokenizados que integra o sandbox regulatório da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
“Em 2023, encerramos um primeiro ciclo da SMU de dez anos, que foi desbravar o mercado que ainda não existia. Agora temos ferramental na mão, conhecimento e história. O jogo começa de novo”, aponta Rodrigo Carneiro, co-fundador e diretor-executivo da SMU, ao Finsiders Brasil. “Ficamos um grupo completo, que será capitalizado por um investidor estratégico”, afirma, sem revelar quem está aportando capital.
A PrimeCap já nasceu de olho nos assessores de investimentos, o que chamou a atenção da SMU. “Cada escritório tem centenas de milhares de investidores, o que nos dá uma capilaridade muito grande”, diz Rodrigo.
A Organismo, por sua vez, tem boa penetração no interior de São Paulo, acessando negócios da economia real, como empreendimentos imobiliários e projetos em setores como indústria e agronegócio. “O modelo de análise e acompanhamento deles é muito evoluído”, conta o diretor-executivo.
Consolidação
Rodrigo credita os movimentos da SMU a uma evolução do próprio mercado de crowdfunding no País, que deve caminhar para uma consolidação. “É um amadurecimento do mercado. Apesar de o Brasil ter hoje mais de 60 plataformas, o volume captado ainda está concentrado em apenas dez delas”, diz o empreendedor. Junto com a Broota (hoje Kria) e a EqSeed, a SMU foi uma das primeiras a desbravar o equity-crowdfunding no Brasil.
Nos últimos anos, o modelo vem dando espaço para operações de dívida tokenizada, incluindo instrumentos como debêntures, certificados de recebíveis (CRs) e notas comerciais (NCs). A própria SMU embarcou nessa onda, atraindo outros perfis de empresas além das startups. “São pequenas e médias empresas geradoras de caixa que têm dificuldade de acessar recursos para ir para outro patamar”, explica Rodrigo.
Como próximos passos, o empreendedor diz que há um planejamento de integração entre as empresas até janeiro de 2025. “Tomamos a decisão de fazer tudo com o avião em voo”, diz Rodrigo. “Já estamos trabalhando em conjunto.”
Além disso, a SMU está trabalhando na criação de um mercado subsequente automatizado para negociação de cotas de startups investidas. A previsão é lançar até o primeiro trimestre de 2025. “Será uma espécie de OLX, que segue as regras da 88 [Resolução CVM 88]”, explica Rodrigo.
Secundário
Enquanto a SMU passa a se dedicar aos escritórios de assessorias de investimento, a Estar atenderá a demanda do varejo, diz o executivo. Desde sua criação, em 2023, o mercado secundário de startups istou mais de R$ 20 milhões em 9 tokens. A iniciativa é fruto de parceria com Demarest Advogados, nTokens e Digitra.com.
“Agora estamos preparando a listagem de um certificado de recebível securitizado”, revela Rodrigo. “Também estamos negociando com a CVM para escalar, sair de dez tokens para 30 ou até 50”, diz ele. A Estar tem autorização do regulador para operar no sandbox até 2026.