XP entra na briga das contas globais e EQI Investimentos avança em banking

Pouco mais de um ano depois de colocar no ar sua conta de investimentos internacional, a XP acaba de dar um novo passo (tardio?) para enfrentar a acirrada concorrência das contas globais. Nesta terça-feira (29), o banco anunciou o lançamento da sua conta, com um cartão de débito bandeira Mastercard, atendendo assim os brasileiros que viajam e compram no exterior.

Inicialmente, o cartão será disponibilizado gradualmente para a base de 1 milhão de clientes com investimento na conta internacional da XP. A liberação tanto do cartão como da conta global é feita diretamente pelo app. Para ter acesso à conta internacional, os usuários precisam ter pelo menos R$ 10 mil investidos na plataforma. 

O saldo da conta é dolarizado e o cartão pode ser utilizado em mais de 210 países, no envio de remessas de câmbio 24 horas e em saques, além da possibilidade de fazer compras com o cartão digital. O cartão tem emissão gratuita para quem já investe no exterior por meio da plataforma da companhia, sem a cobrança de mensalidade ou taxa de manutenção.

De acordo com a XP, a novidade completa o seu portfólio de produtos ‘offshore’, que tem, também, renda fixa, renda variável e fundos de investimentos. “O cartão de débito internacional será integrado a todo nosso ecossistema XP, trazendo a proposta de ‘one stop shop’, com todos os serviços dentro de um mesmo app. Isso reforça ainda mais a nossa estratégia de participar da vida do cliente em todos os momentos”, afirma José Berenguer, CEO do Banco XP, em comunicado.

Para Marta Pinheiro, diretora de serviços bancários da XP Inc., a retomada do turismo no pós-pandemia pode impulsionar o uso do cartão de débito em outros países. “Há uma necessidade latente do cliente de usar o dinheiro lá fora. O nosso cartão vai simplificar muito a vida financeira de quem está comprando ou investindo no exterior”, diz a executiva.

No caso da remessa de câmbio por meio da conta global, o IOF cobrado é de 1,1%, e não de 5,38%, taxa utilizada pelos cartões de crédito. Além disso, o saldo da conta internacional tem cobertura de até U$S 250 mil pelo FDIC (Federal Deposit Insurance Corporation), agência federal dos EUA que garante os depósitos bancários — uma espécie de FGC de lá.

Conta digital da EQI

Também nesta terça-feira (29), EQI Investimentos — que chegou a ser o maior escritório de assessores de investimento da XP — anunciou uma conta digital com dois tipos de cartões de crédito, também com bandeira Mastercard.

A novidade chega ao mercado logo após a companhia obter o ‘sinal verde’ do Banco Central, em julho, para operar como corretora de valores. Os cartões e a estrutura operacional serão realizados pelo BTG Pactual, sócio da companhia. 

Atualmente, a EQI possui mais de 55 mil clientes ativos e R$ 25 bilhões sob custódia. Segundo a empresa, a expansão do portfólio é parte estratégica do seu plano de crescimento. Com uma estrutura em “estágio avançado” em crédito, dívida e fusões e aquisições (M&As), a companhia planeja nos próximos dois anos atuar também como banco de investimentos. 

“Acreditamos que o lançamento da conta digital é um passo importante na história da EQI. São os primeiros produtos após a permissão para atuarmos como corretora. Estamos empolgados em dar este passo e oferecer essa solução para os nossos clientes”, afirma Roberto Varaschin, sócio-diretor e cofundador da EQI Investimentos, em comunicado.

Os cartões serão oferecidos em duas modalidades. No caso do platinum, o usuário pode receber cashback entre 0,5% ou 0,75% ou 1,6 ponto por dólar gasto. Com uma mensalidade de R$ 10 a R$ 50 (para ter acesso ao programa de pontos), o produto envolve seguro-viagem, bagagem, automóvel e ‘concierge’.

Já o cartão black é mais completo. O usuário também pode contar com o mesmo cashback ou programa de pontos, além de contar com acessos ilimitados e gratuitos às salas da Mastercard no aeroporto de Guarulhos e com a isenção na anuidade de acordo com os gastos na fatura ou por investimentos. Ainda, o produto dispõe de cashback nas compras internacionais de 4,28%, fazendo o imposto chegar a 1,1%.

Concorrentes

Há tempos, a disputa no mercado de contas globais está forte, e parece que ficou ainda mais quente. Na semana passada, a Nomad — um dos principais players desse segmento — anunciou uma captação generosa de US$ 61 milhões (cerca de R$ 300 milhões) em uma rodada liderada pelo fundo Tiger Global Management. O dinheiro que será utilizado para impulsionar a vertical de investimentos estrangeiros e lançar (olha aí) um cartão de crédito.

O setor tem também o Itaú, que é acionista da Avenue, corretora digital norte-americana. Em julho, foi a vez de outro bancão, o Bradesco, anunciar a My Account, sua solução de conta global. Os competidores incluem, ainda, C6 Bank, Inter, BS2 e outros.

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