Ao que tudo indica, a humanidade começou como nômade, tendo que mudar de um lugar para outro em busca de alimento e abrigo. Com o tempo, aprendemos a cultivá-los e desenvolvemos habilidades para construir habitações permanentes, o que nos permitiu estabelecer comunidades e fortalecer nossos laços sociais. No entanto, nossa evolução social não parou por aí.
A era moderna trouxe consigo a ascensão dos nômades digitais. São indivíduos que utilizam a tecnologia para trabalhar, manter contato com parentes e amigos remotamente enquanto exploram diferentes geografias. Esses “nômades” podem escolher viver no sudeste durante o verão e migrar para o nordeste no inverno, aproveitando um clima de sol o ano todo.
No setor financeiro, estamos presenciando o surgimento de um novo conceito: os nômades financeiros. Este grupo representa pessoas e empresas com desejo de mobilidade em suas finanças. Com os avanços tecnológicos recentes, tornou-se possível gerenciar seus ativos e passivos com uma liberdade sem precedentes, migrando recursos entre diferentes instituições financeiras conforme suas necessidades e conveniências.
Os nômades financeiros se beneficiam de inovações, como a facilidade na abertura de contas de forma digital, a portabilidade da chave Pix, pagamentos instantâneos, portabilidade de dados e transferências inteligentes com o Open Finance, além da portabilidade de salários, créditos e investimentos entre diferentes instituições. Essa flexibilidade permite que escolham serviços que melhor atendem suas demandas em um determinado momento, sem a necessidade de um relacionamento de longo prazo.
Desafios
Assim como os nômades digitais criaram desafios sociais e de políticas públicas, os nômades financeiros estão começando a apresentar desafios únicos para bancos e fintechs. Estas instituições financeiras enfrentam o desafio de adaptar seus modelos de negócios e operações para atender a uma clientela que valoriza a flexibilidade acima da fidelidade a longo prazo.
Para reter clientes em um ambiente onde a lealdade é fluida, é necessário inovar constantemente e, assim, oferecer valor agregado de forma contínua e rápida. O relacionamento com o cliente nas finanças está se tornando cada vez mais dinâmico, exigindo que as instituições sejam ágeis e focadas no cliente.
Essa tendência deve remodelar o setor, impulsionando uma nova onda de inovações focadas na flexibilidade e na personalização. Para as instituições financeiras, o desafio será acompanhar essa mobilidade crescente, garantindo que possam atender e superar as expectativas de uma clientela cada vez mais sofisticada e móvel.
Nesse cenário, o sucesso dependerá do quão bem essas instituições conseguem se adaptar a uma realidade onde a fidelidade do cliente é conquistada todos os dias, em cada transação.
*Membro da curadoria da Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs).
Este espaço é dos líderes da ABFintechs. As opiniões aqui representam a visão da entidade, e não a do Finsiders Brasil.