INVESTIMENTOS

Finme, de 'crowdfunding', mira projetos da economia real e quer 'atuar como RI'

"Vejo grande potencial na criação de fundos de participação voltados para crowdfunding, algo que ainda não é comum por aqui", diz CEO

Felipe Vergasta/Finme | Imagem: divulgação
Felipe Vergasta/Finme | Imagem: divulgação

A plataforma de crowdfunding Finme nasceu para ser diferente. Segundo o sócio e fundador Felipe Vergasta, a fintech veio preencher duas principais lacunas no mercado brasileiro de financiamento coletivo: a concentração em projetos de startups e a falta de intermediação eficiente na relação entre empresas e investidores. Mas não é só. A Finme também pretende expandir sua atuação no mercado de capitais por meio de parcerias com gestoras e securitizadoras. “Vejo grande potencial na criação de fundos de participação voltados para crowdfunding, algo que ainda não é comum por aqui”, diz Felipe.

“A maioria das plataformas ainda está muito focada em startups, enquanto a economia real tem uma demanda reprimida por financiamento”, explica Felipe. Além disso, ele critica o modelo atual, em que as plataformas não assumem um papel ativo na comunicação entre as partes. “O investidor vê a plataforma como referência, mas, na prática, o relacionamento fica totalmente por conta da empresa, o que pode gerar atritos”, acrescenta.

A empresa se propõe a atuar em projetos da economia real, com foco inicial em três setores: energia solar, imóveis e agronegócio. Para isso, a Finme planeja captar recursos ao longo deste ano, já que, até o momento, opera apenas com capital próprio. A fintech tem cerca de 120 investidores cadastrados e realizou sua primeira intermediação de captação privada em 2023, arrecadando R$ 650 mil para um projeto do setor agropecuário.

A expectativa para 2024 é captar entre R$ 8 e R$ 10 milhões, gerando um faturamento de aproximadamente R$ 800 mil. “Nosso objetivo é estrear nas ofertas públicas e ganhar escala”, afirma o CEO. O primeiro projeto previsto seria uma usina de energia solar, mas a operação foi pausada por falta de um documento identificado na diligência. “Nossa análise é rigorosa, e não podemos abrir mão de exigências essenciais”, justifica. A fintech segue trabalhando em outras operações, incluindo novos projetos de energia solar e loteamentos imobiliários.

Prova de fogo

crowdfunding de investimentos é regulamentado e fiscalizado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). O modelo se assemelha ao crowdfunding social, as famosas “vaquinhas” online, com o diferencial de trazer retorno financeiro. Nele, pessoas investem coletivamente em um projeto e, em troca, recebem contratos ou títulos que conferem direito de crédito ou participação no negócio investido. A CVM vem promovendo atualizações na regra para essas plataformas e, neste ano, vem mais por aí.

A Finme coordena as ofertas públicas (para o mercado geral) e privadas (apenas para investidores selecionados) para financiar projetos com ativos reais, com custos operacionais mais baixos em comparação com os ativos tradicionais, ao mesmo tempo que oferece rendimentos potencialmente mais altos.

“Nossa primeira oferta privada foi um verdadeiro teste de fogo, e seu sucesso comprovou a demanda pelo que fazemos. Por se tratar de um modelo privado, a oferta só pôde ser direcionada a clientes com os quais já tínhamos algum relacionamento. Ainda assim, conseguimos reunir um grupo de investidores que aprovaram o modelo de negócio e, agora, já estão colhendo dividendos mensais”, afirma o CEO.

A trajetória do fundador explica sua visão para a empresa. Natural de Salvador e radicado em São Paulo desde 2021, teve experiências como assessor de investimentos e trabalhou em gestoras e securitizadoras, onde percebeu que muitos projetos viáveis não conseguiam financiamento por não se encaixarem nas estratégias de grandes fundos. “Vi bons projetos serem recusados simplesmente por não atenderem a critérios específicos, como valor mínimo de captação”, relembra. A Finme surge para ajudar a resolver isso.