“Quer pagar…‘quando’?” Sim, o velho crediário está na moda! Uma prova disso é que o Goldman Sachs segue apostando em empresas com foco no agora conhecido mundialmente ‘buy now, pay later’ (BNPL).
A instituição acaba de levantar R$ 1,4 bilhão para a Provu, em uma participação acionária não-controladora por meio de um FIDC (Fundo de Investimento em Direitos Creditórios).
A Provu o leitor já conhece, mas por outro nome: Lendico, fintech especializada em crédito pessoal e meios de pagamento que passou a atuar no Brasil em 2015, a partir do site alemão Lendico (existente desde 2013).
A mudança ocorreu na semana passada e marca, junto com esse apoio financeiro, uma nova etapa da fintech, conforme disse o CEO da Provu, Marcelo Ramalho, ao Finsiders.
A empresa, que recebeu autorização do Banco Central (BC) para atuar como Sociedade de Crédito Direto (SCD) em junho, utilizará o recurso para expandir suas ofertas de crédito, especialmente no Provu Parcelado, produto que se assemelha ao crediário digital.
Nesta vertical, a empresa já trabalha em parceria com grandes plataformas, tais como Linx, Nuvemshop, VTEX, para citar alguns exemplos. Para tanto, irá contratar mais 40 profissionais e poderá quase dobrar a equipe até o final do ano que vem, a partir dos 300 colaboradores atuais.
A ideia é escalar de forma semelhante à vertical de empréstimos pessoais sem necessidade de garantia (Provu Empréstimo), diz Marcelo. Ainda como Lendico, a empresa tinha emprestado mais de R$ 700 milhões nos últimos cinco anos. A base hoje, com os dois produtos, é de 90 mil clientes.
Com maior foco do Provu Parcelado, a meta é atender 4 mil lojistas até o final de 2022. E que esta vertical supere a de crédito pessoal já a partir do ano que vem.
“O BNPL é um produto de entrada e tem o potencial de ser uma alternativa ao cartão de crédito.”
A empresa já vinha se movimentando há algum tempo para expandir suas ofertas de soluções financeiras. Em abril, a fintech anunciou a incorporação da Apoema, especializada em cobrança, também pertencente à Lone Star Funds, private equity com investimentos no mundo todo e investidora da então Lendico.
Marcelo entende que a competição está cada vez mais acirrada e, como é de praxe entre os executivos de startups, argumentou que a empresa “não seguiu a tendência, iniciou a tendência”.
“Não vamos chegar frescos ao mercado”, afirma. Tanto que a fintech chamou Eric Kobe, especialista em BNPL e atual COO da empresa de SaaS Groundspeed como board member para auxiliar na estruturação do Provu Parcelado.
Mercado em expansão
O mercado está com tudo e não está prosa. Dados do CB Insights apontam que essa indústria de BNPL deve crescer de 10 a 15 vezes até 2025, chegando a US$ 1 trilhão em volume ao ano de mercadorias.
Não por menos, recentemente a Bom Pra Crédito (BPC) lançou o CDC Digital — um crédito direto ao consumidor na versão digital, por meio de parcerias com diversas instituições financeiras.
A Via, com seu banco digital banQi, está digitalizando o famoso “carnê da Casas Bahia“. No terceiro trimestre, a carteira ativa do segmento atingiu R$ 4,86 bilhões. Atualmente, são mais de 15,6 milhões de clientes pré-aprovados, diz a varejista no balanço de resultados. E coloca em suas comunicações agora o seguinte: “Nenhum outro player tem tanta autoridade, vocação e experiência para oferecer crédito quanto a Via, no melhor estilo ‘buy now, pay later’.”
A Dinie, por sua vez, atua com a modalidade em parceria com o unicórnio uruguaio dLocal e já está fechando novas parcerias com startups no Brasil, entre elas, um player de e-commerce, apurou o Finsiders. Já a Swap aposta no ‘BNPL as a service’.
Mas não é só de brasileira que se faz o jogo. No começo de setembro, a colombiana Addi, fintech que oferece parcelamento sem juros e sem cartão de crédito no comércio online e físico, recebeu um cheque no valor de US$ 75 milhões, para atuar no segmento por aqui.
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