FRAUDES

A demissão do CMO do Itaú e o mau uso de cartões corporativos

Caso serve como um alerta contundente sobre os prejuízos financeiros e reputacionais causados pelas fraudes e má gestão de benefícios e despesas

Cartões
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A demissão do CMO do Itaú por mau uso (fraude) do cartão corporativo é um episódio que vai muito além de um problema interno. Afinal, esse é um caso que serve como um alerta contundente para as empresas sobre os prejuízos financeiros e reputacionais causados pela má gestão de benefícios e despesas. Mais do que um incidente isolado, o ocorrido reflete um padrão de conduta inadequada. Sem o devido controle, pode comprometer a saúde financeira e a confiança em qualquer organização.

O aumento do trabalho remoto nos últimos anos, especialmente desde 2020, ampliou o uso de cartões corporativos no Brasil. Segundo o IBGE, cerca de 7,9 milhões de brasileiros trabalhavam de casa naquele ano, e, hoje, esses benefícios são ainda mais recorrentes. Uma pesquisa da Paytrack revelou tendências significativas no controle de gastos em 2024. Entre os itens mais vetados pelas empresas estão bebidas alcoólicas, cigarros e sobremesas, com palavras como “cerveja”, “chopp”, “gin”, “cigarro” e “sorvete” frequentemente bloqueadas. O levantamento também indicou que 41% das políticas incluem alertas para violações, 20% permitem exceções acima do limite e 17% bloqueiam automaticamente despesas fora do padrão, destacando esforços para promover eficiência e conformidade financeira.

Como lidar com fraudes

Soluções tecnológicas são cada vez mais indispensáveis para lidar com esse desafio e plataformas de gestão de pagamentos, por exemplo, oferecem ferramentas que consolidam os gastos em sistemas integrados, facilitando o acesso e o controle pelo setor financeiro. Com isso, gastos que ultrapassam os limites das políticas empresariais geram alertas automáticos, obrigando o colaborador a comprovar despesas com recibos. Sem essa comprovação, não há reembolso, reduzindo significativamente o risco de fraudes.

Fernando Nery/P3 | Imagem: divulgação

Contudo, a tecnologia não substitui a cultura organizacional. A implantação de sistemas eficientes deve ser acompanhada por uma abordagem que priorize a transparência e a responsabilidade. Isso inclui criar políticas claras, realizar treinamentos regulares e aplicar sanções para infrações, independente do nível hierárquico do infrator. O caso do Itaú reforça que a liderança também deve ser submetida aos mesmos critérios de conduta, servindo de exemplo para toda a equipe.

As empresas que combinam tecnologia com boas práticas de governança conseguem não apenas mitigar prejuízos financeiros, mas também fortalecer sua reputação. Mais do que proteger o caixa, esses esforços demonstram comprometimento com a ética e promovem um ambiente de confiança, essencial para o sucesso sustentável em um mercado cada vez mais competitivo.

*CEO da P3, plataforma de gestão de pagamentos.