Como o varejo japonês está se adaptando ao pagamento online

No varejo japonês, uma tendência que ganha força é a introdução de self-checkouts e máquinas semi-automatizadas, escreve Alexandre Uehara

Por Alexandre Uehara*, exclusivo para o Finsiders
Como um entusiasta da tecnologia e do varejo, fico animado em ver as inovações que estão ocorrendo no setor. Um dos exemplos interessantes é a transição do pagamento físico para online no varejo japonês, com a introdução de self-checkouts e máquinas semi-automatizadas. Essa mudança está ganhando cada vez mais espaço e oferecendo uma experiência de compra completa aos consumidores.

Uma curiosidade cultural do Japão é a tradição de fazer pagamentos com dinheiro em espécie e colocar a cédula em uma bandeja em frente ao caixa, ao invés de entregá-la diretamente na mão do atendente. Essa prática pode dificultar a adoção do self-checkout, especialmente considerando a crescente população idosa do país, que pode não ser tão familiarizada com a tecnologia.

Porém, tenho observado uma mudança gradual nas lojas de conveniência no Japão, conhecidas como ‘konbinis’, onde o pagamento passou a ser semi-automatizado. O atendente passa o código de barras no caixa, mas o processo é efetuado em uma máquina na qual o cliente coloca o dinheiro e as moedas, e a própria máquina dá o troco. Essa abordagem gradual permite que o consumidor se acostume com a novidade aos poucos, o que pode facilitar a transição para o self-checkout no futuro.

No Brasil, embora o uso de dinheiro em espécie e cartões de crédito e débito ainda seja comum, o Pix tem ganhado espaço como uma forma de pagamento mais ágil e prática. Assim como no Japão, a transição para novas formas de pagamento no varejo físico no Brasil também deve ser gradual e natural, respeitando as preferências dos consumidores.

É importante destacar que a experiência do cliente vai além do processo de pagamento. Lojas físicas ainda exercem um papel importante, oferecendo conveniência para compras de última hora, como aquisição de alimentos em konbinis, por exemplo. Portanto, é fundamental que as inovações, como self-checkouts e automatizações, sejam implementadas de forma estratégica, levando em consideração o conforto e a satisfação do cliente em todas as etapas da jornada de compra.

Em resumo, a transição do pagamento físico para online no varejo japonês é uma tendência promissora, que deve ser acompanhada de perto. A tecnologia pode ser uma grande aliada nesse processo, mas é fundamental que a adoção seja gradual, respeitando as particularidades culturais e as preferências dos consumidores, e oferecendo uma experiência completa e sem atrito para conquistar e fidelizar os clientes. Estou ansioso para ver como essas inovações vão continuar a evoluir e transformar o cenário do varejo globalmente.

*Alexandre Uehara é fundador da Innov8 e professor do MBA da FIAP.

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