Por Bruno Chan*, exclusivo para o Finsiders
O Open Finance no Brasil completou dois anos. Desde o início da sua implementação, muitos avanços já ocorreram. O país está na fase 4 e a cada etapa do processo as expectativas para a evolução aumentam, principalmente no que diz respeito aos benefícios gerados ao mercado. Espera-se não somente a melhoria do que já foi implementado até aqui, mas também avanços importantes e demais novidades que estão por vir.
Para destacar as expectativas sobre a evolução do Open Finance, nada melhor do que analisar algumas projeções. De acordo com dados da consultoria Oliver Wyman, 60 milhões de pessoas irão aderir ao sistema até 2025, no Brasil. Essa estimativa é reforçada pela evolução ao longo de 2022. Segundo dados do Banco Central, até janeiro deste ano, o país contabilizou 15 milhões de clientes únicos — há um ano eram cerca de 3 milhões — e 22,20 milhões de consentimentos ativos.
A expectativa sobre a evolução do Open Finance em 2023 pode ser resumida em uma palavra: consolidação. Acredito que isso ocorra graças ao fortalecimento de algumas frentes, como: avanços na regulação, acesso a novas fontes de dados, maior adesão do modelo por instituições financeiras e usuários, evolução das soluções tecnológicas para dar suporte às empresas e novas trilhas de pagamento.
Um dos pilares mais importantes desse caminho é obter um volume cada vez maior de usuários. Uma pesquisa feita pela fintech de crédito Provu apontou que cerca de 60% dos brasileiros nunca ouviram falar sobre Open Finance ou não sabem direito do que se trata.
Isso demanda dos agentes participantes um trabalho educacional que aponte os benefícios de estar inserido no universo desse sistema, já que ainda não estão óbvios para o consumidor que tem se mostrado não tão avesso ao compartilhamento de dados como se imaginava.
Iniciador de pagamentos
Após o sucesso do Pix, a iniciação de pagamentos via Open Finance deve ser uma das grandes inovações de 2023. Os iniciadores de transação de pagamentos (ITPs) permitem adquirir um produto ou serviço e pagar com o Pix, sem a necessidade de abrir o aplicativo de um banco, desde que as empresas fornecedoras estejam reguladas. A ideia dessa modalidade é democratizar as transações financeiras e oferecer novas alternativas para os usuários, reduzindo o tempo e as etapas de um pagamento.
Os ITPs tendem a acelerar ainda mais o uso do Pix de pessoas físicas para pessoas jurídicas, simplificando a jornada do cliente. Sem o Open Finance, para fazer algum tipo de aquisição, o consumidor precisa entrar no app do seu banco, colocar o código ou ler o QR Code ou chave Pix para autorizar o pagamento manualmente.
A partir das iniciadoras de pagamento, o usuário poderá fazer agendamentos de Pix por um período de até um ano e cancelar em situações como falta de conclusão de pagamento, suspeita de fraude, entre outros, o que é importante para tornar a experiência do usuário cada vez mais bem-sucedida.
Por ser algo relativamente novo, ainda existem somente 16 iniciadoras de pagamento, se comparado a mais de 800 detentoras. Um dos passos importantes foi a resolução n° 5.050, do CMN, que permitiu a atuação de fintechs de crédito como iniciadoras de pagamentos, complementando seu leque de serviços e facilitando o acesso ao consumidor que precisa de crédito.
Crédito
Ainda segundo levantamento da consultoria Oliver Wyman, nos próximos seis meses, haverá uma aceleração de soluções ligadas ao Open Finance como agregadores de contas, oferecidas por grandes bancos e fintechs, criação de marketplaces de produtos financeiros e melhoria nos processos internos que envolvam os dados, aprimorando cada vez mais a interligação de informações para tornar a avaliação de concessão de crédito mais justa e precisa.
Isso está de acordo com a necessidade de aumentar o acesso ao crédito. A qualidade dos dados vai permitir a criação de um score de crédito mais justo, assim como a personalização cada vez maior de produtos e soluções.
O ano de 2023 será de grande importância para consolidar a convergência das inovações financeiras. A evolução do Open Finance tem – e terá – um impacto estrutural e paradigmático. A comodidade do Pix e a liberdade do Open Finance vão gerar, juntas, ainda mais valor. O último a chegar nessa festa pode ficar sem sua fatia do bolo.
*Bruno Chan é CEO e cofundador da Klavi, plataforma SaaS que oferece soluções de Open Finance.
As opiniões neste espaço refletem a visão de founders, especialistas e executivo(a)s de mercado. O Finsiders não se responsabiliza pelas informações apresentadas pelo(a) autor(a) do texto.
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