Opinião

Eficiência econômica e soluções para dores reais: o que esperar da segunda geração de fintechs

John Paz*

Nos últimos dez anos, o ecossistema de inovação brasileiro viveu um processo evolutivo que culminou em um cenário de abundantes investimentos em startups de todos os tipos e estágios. As primeiras fintechs do país chegaram com propostas e abordagens inovadoras para o mercado, possibilitando abrir uma conta virtual por meio de um aplicativo, ou resolver um problema financeiro sem ter que ir a uma agência bancária. Passado o tempo, essas empresas foram se ajustando, e estamos assistindo agora o despontar do que está sendo chamado de segunda geração de fintechs.

São empresas que já nasceram em um universo altamente tecnológico, com inúmeras ferramentas à disposição para olhar diretamente para as dores mais profundas do mercado com mais eficiência. Elas atuam na resolução de problemas cada vez mais complexos e oferecem os melhores serviços financeiros para públicos que, em outro contexto, não seriam contemplados pelo sistema financeiro tradicional – de adolescentes e idosos a pequenas e médias empresas, de pequenos empréstimos a contas compartilhadas, entre outros.

A primeira onda de fintechs foi marcada sobretudo pela sanção da lei das instituições de pagamento, em outubro de 2013. Ela permitiu ilustrar a atuação de novas instituições para serviços de pagamento, impulsionando as startups do setor. Como consequência, tivemos aumento na concorrência, inclusão financeira e melhor eficiência em diversos serviços. Foi o primeiro passo em direção a produtos mais segmentados, fáceis de usar e acessíveis, que marcou uma geração de empresas de tecnologia. Uma alternativa menos burocrática para produtos mais próximos do dia a dia do consumidor.

Dez anos depois desse primeiro marco, vieram importantes avanços tanto regulatórios como tecnológicos, que nos permitem visualizar a evolução das fintechs. Não à toa os investimentos cresceram substancialmente nos últimos três anos – mais de US$ 6,7 bilhões em 356 rodadas, segundo a Distrito. Esse desenvolvimento caminhou para especialização dos serviços, sendo mais de mil empresas atuando em 30 categorias no Brasil.

Hoje, as empresas, fintechs ou não, não precisam necessariamente desenvolver tudo dentro de casa: a infraestrutura financeira, a operação de cartões, a licença da bandeira e os trâmites regulatórios são alguns exemplos de atividades que podem ser terceirizadas. A alta competitividade, junto de nichos mal atendidos, permite que as empresas e fintechs estejam muito mais focadas em sua atividade principal, na qual conseguem trazer mais valor a seus usuários, deixando assim atividades secundárias, como o processamento de transações, plataforma de gestão e dashboard, o regulatório e novas ferramentas, a cargo de outras empresas de infraestrutura de pagamentos. 

Seu desafio agora está em escolher as melhores e mais modernas empresas de infraestrutura para plugar todas as necessidades de sua fintech e de seus usuários, permitindo a entrega de serviços mais inteligentes e efetivos, e oferecendo aos usuários soluções mais completas para cada realidade.Esse ambiente deve nos proporcionar um futuro com produtos e serviços ainda mais especializados. O ganho de eficiência é transformacional quando permitimos que cada empresa foque em sua atividade principal. Com isso, podemos esperar avanços ainda mais significativos para companhias, consumidores e todo o mercado financeiro.

*COO da Pomelo