Opinião | Verdades sobre o Pix

Tempo de leitura: 3 minutos

Por Igor Senra*, exclusivo para a Finsiders

O Pix tem tudo para ser um sucesso. Rapidamente virou o assunto do momento quando se trata da indústria financeira. Como se sabe, as principais características desse novo sistema de pagamentos são: a velocidade (dinheiro troca de mãos quase que instantaneamente); as transações podem ser realizadas 24h todos os dias do ano e o baixo custo.

As duas principais características são dadas basicamente devido ao Pix já nascer 100% digital. Agora, por mais digital que seja o produto, o baixo custo não seria alcançado se as condições de competição fossem mantidas as mesmas.

Se o Pix fosse exclusivo para as empresas financeiras que participam do SPB (Sistema de Pagamento Brasileiro — câmara que liquida as TEDs), o preço cobrado pelo Pix iria ficar muito em linha com o preço cobrado hoje pelas TEDs, porque não é o custo que norteia o valor cobrado, é quanto se pode cobrar por isso.

É inegável o poder econômico que os bancos são capazes de exercer. Eles conseguem maximizar o preço cobrado em cada uma de suas muitas de linhas de receita. Para se ter uma ideia, uma TED custa de R$ 0,03 a R$ 0,60 (sendo essa maior é cobrada somente em transações feitas após às 16h30, conforme é possível notar na tabela abaixo) e os bancos hoje cobram por ela até R$ 20 (embora alguns cheguem a cobrar mais de R$ 100). Tomando os R$ 20 como base, a margem de contribuição para os bancos desse produto específico varia de 3.333% a 66.666%!

Tabela do Banco Central para preços de TED

A competição em torno do Pix, com quase mil empresas interessadas em participar desse jogo, é que vai conseguir fazer com que seus preços se comportem. Várias dessas empresas não são financeiras, elas estão acostumadas a viver com margens muito mais modestas; algumas, inclusive, vão entrar no Pix com o principal objetivo de reduzir seu custo bancário, outras têm o plano de conduzir seus clientes a comprarem em um determinado lugar com condições especiais utilizando os recursos que transacionaram no Pix.

Igor Senra, CEO e fundador da Cora (Crédito: Divulgação)
Igor Senra, CEO e fundador da Cora (Crédito: Divulgação)

Até onde podemos ver, tudo caminha bem para o sucesso do Pix, e isso pode realmente mudar a vida de muitos, trazendo milhões de brasileiros, antes esquecidos, para a era digital. Temos um percentual enorme de pessoas e negócios não bancarizados no Brasil. Entre 30 e 40% não possuem nenhuma relação com o sistema financeiro. Isso é um dos principais indicadores de desenvolvimento econômico de uma nação. E o Pix tem potencial para nos ajudar a virar esse jogo, trazendo esses brasileiros esquecidos para participar, num contexto em que todo mundo pode se beneficiar.

De agora para frente começará a corrida para cadastramento das chaves do Pix, é a oportunidade perfeita que as pessoas e empresas têm para mudar o jogo. Eles podem continuar dando poder e força para os grandes bancos cobrarem e fazerem o que sempre fizeram, ou escolher uma dessas novas opções que o Pix oferece, trazendo o poder para o lado deles por meio da competição.

Aqui na Cora estamos ansiosos para retribuir a honra de sermos escolhidos como opção de recebimento do Pix, e para recompensar isso para as empresas nossas clientes, não cobraremos nada pelas transações realizadas pelo Pix.

*Igor Senra é CEO e fundador da Cora, fintech que oferece conta digital para PMEs. O empreendedor ficou conhecido antes por ter fundado o Moip, vendido em 2016 para a Wirecard.