Por mais lideranças femininas na tecnologia 

Ainda existem obstáculos para garantir uma representação mais equitativa na área, escreve Juana Torres Angelin, COO da fintech Koin

Nos últimos anos, a área da tecnologia testemunhou um movimento crescente em direção à inclusão e à diversidade de gênero. A presença e a liderança feminina no setor têm se mostrado vitais não apenas para promover a equidade de gênero, mas também para impulsionar o crescimento econômico e a transformação no ambiente de trabalho impactando diferentes grupos sociais inseridos nesse espaço. 

De acordo com uma pesquisa realizada pela Grant Thornton, 38% dos cargos de liderança são ocupados por mulheres. A diversidade de perspectivas proporcionada por líderes femininas leva a uma ampla gama de ideias, abordagens e soluções.  

Conforme levantamento feito pela McKinsey Study, as empresas com mulheres em posições de liderança veem um resultado operacional 48% maior e uma força de crescimento no faturamento 70% maior, quando comparado com a média da indústria. Nesse sentido, as equipes femininas podem ser mais propensas a gerar insights únicos e desenvolver produtos e serviços que atendam a uma variedade de necessidades dos consumidores, que abrem novos nichos de atuação no mercado. 

Na tecnologia, as mulheres desempenham um papel fundamental ao enfrentar os desafios históricos de desigualdade de gênero. Suas histórias de sucesso servem como inspiração para as jovens que queiram trilhar por essa carreira. Assim, mostram que é possível romper barreiras e alcançar posições de destaque, mesmo em campos nos quais tradicionalmente a predominância era masculina até pouco tempo. 

Liderança

A inclusão de mulheres em cargos de liderança também tem um impacto positivo no crescimento econômico. A liderança feminina promove o empoderamento financeiro das mulheres. Um exemplo concreto é que na lista da Fortune 500, o número de mulheres que ocupam o cargo de CEO atingiu um recorde de 41 mulheres. Isso significa, então, que é possível criar novas oportunidades para tomada de decisões estratégicas, geração de renda e empreendedorismo. 

Juana Torres Angelin, COO da Koin. Foto: Divulgação
Juana Torres Angelin, COO da Koin. Foto: Divulgação

Ao assumirem posições de liderança, as mulheres trazem consigo habilidades de comunicação, empatia e colaboração que podem melhorar a cultura organizacional, promovendo um clima de trabalho mais saudável e produtivo. A ênfase na conciliação entre trabalho e vida pessoal, por exemplo, pode ser reforçada com a liderança feminina. Isso quebra paradigmas enraizados de que, a partir do momento que se tornam mães e esposas, só devem se dedicar à família. 

Barreiras

As mulheres têm enfrentado obstáculos históricos na busca por igualdade na indústria de tecnologia. No entanto, líderes femininas notáveis têm emergido como modelos a serem seguidos. Nomes inspiradores como Ada Lovelace, considerada a primeira programadora do mundo; Sheryl Sandberg, que ocupou por anos o cargo de COO do Facebook; e Mary Jackson, considerada uma gênia da matemática e que trabalhou na Nasa, inspiram outras mulheres a buscarem posições de liderança na tecnologia. 

Apesar dos avanços, ainda existem obstáculos a serem superados para garantir uma representação mais equitativa das mulheres na área de tecnologia. Barreiras como estereótipos de gênero, falta de modelos a seguir continuam a afetar a ascensão das mulheres em posições de destaque. A implementação de políticas de igualdade de gênero, equiparação salarial, programas de mentoria e sensibilização contínua são essenciais para enfrentar esses problemas. 

A liderança feminina traz, portanto, consigo perspectivas diversas e experiências únicas, promovendo um ambiente mais criativo e inovador. Quanto mais diversas, mais as equipes serão estimuladas a gerar soluções inovadoras e contribuindo para um mercado mais competitivo, mas também criativo e inclusivo. 

*Juana Torres Angelin é Chief Operating Officer (COO) da Koin, fintech de soluções de BNPL.

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