Por que os clientes PJ são o futuro do banking 

Uma vez fidelizadas, empresas podem proporcionar uma geração de oportunidade muito mais consistente do que clientes PFs, analisa especialista

Foto: Dylan Gillis/Unsplash
Foto: Dylan Gillis/Unsplash

Com a chegada de um novo ano, começam também as apostas sobre o que deve despontar como tendência em um outro setor. Neste texto, irei dividir brevemente porque acredito que, no caso do banking, os famigerados clientes PJ — ou seja, as empresas — devem ser encarados como o futuro desse segmento. 

Em minha trajetória desenvolvendo tecnologia para o mercado financeiro, não foi difícil encontrar quem achasse que pessoas jurídicas são os piores clientes a serem atendidos pelos bancos, principalmente as de pequeno e médio porte (PMEs). Não por acaso, observamos nos últimos anos o surgimento de novas soluções especificamente para esse perfil de negócio. São nomes como Cora, Conta Azul, entre outros. 

No entanto, uma vez fidelizado, este mesmo cliente PJ pode também proporcionar uma geração de oportunidade muito mais consistente do que um cliente PF. Isso porque, na maioria das vezes, essas empresas precisam de soluções financeiras mais sólidas e com muito mais frequência, tais como empréstimos.

Tenho acompanhado algumas empresas nesta vertente e seus principais diferenciais. Vale ressaltar que muitas delas estão trabalhando fortemente para resolver pontos isolados. Há casos como solução para cobrança e emissão de boleto (Cora), gerenciamento de cartão corporativo (Clara), cartão de benefícios (Flash) e por aí vai. Isso mostra, então, que há um oceano a ser explorado com muitas oportunidades de negócio.

Ter um banco para sanar dores específicas do seu negócio é uma grande facilidade para empreendedores que não querem ficar presos na burocracia das grandes corporações financeiras. A agilidade desses serviços permite, por exemplo, que o PJ tenha cada vez mais tempo para se concentrar em atividades que geram mais receita para sua empresa.

Tendências

Para 2024 acredito piamente que novas instituições financeiras com foco em empresas devem continuar surgindo, assim confirmando o que já vem se mostrando uma forte tendência em nosso ecossistema financeiro. Em um cenário macro, vejo cada vez mais as grandes empresas que já têm relacionamento com um grande público de PJ (fornecedores e parceiros) criando soluções proprietárias para atendê-los.

Renan Basso, da MB Labs. Foto: DIvulgação
Renan Basso, da MB Labs. Foto: Divulgação

Além disso, penso que ainda há frentes para explorar neste setor e que muito deve ser feito para a consolidação desta frente. Entretanto, há muito potencial para que grandes empresas também mergulhem de cabeça nisso e passem elas próprias a desenvolverem soluções financeiras para seu público-alvo. Dessa forma, tornam-se ‘fintechs corporativas’. Será, de fato, uma grande virada de chave.

Para um futuro muito próximo, acredito que vamos passar por um período de consolidação de mercado. Nesse sentido, cada vez mais teremos soluções de ‘super nicho’, nas quais empresas irão focar em funcionalidades muito específicas. Por exemplo, “banco para empresas que fazem eventos corporativos”. — obviamente que esse player iria no detalhe para resolver a dor desse perfil de empresa.

Por fim, vale ressaltar que já existem diversos aceleradores que podem ser utilizados para impulsionar empresas que “querem construir um banco” e, assim, surfar nesta nova tendência de banking para PJ. Destaco as soluções de banking as a service (BaaS) e credit as a service (CaaS), que estão performando como agentes transformadores deste setor.

*Renan Basso é cofundador e diretor de negócios da MB Labs, empresa de consultoria e desenvolvimento de aplicativos e plataformas digitais. 

Este é um espaço editorial, com análises e opiniões de especialistas de mercado e executivo(a)s com temas de interesse do ecossistema de fintechs. O Finsiders não se responsabiliza pelas informações do texto.

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