As Sociedades de Crédito Direto (SCDs) surgiram como uma inovação no setor financeiro brasileiro em 2018, com o objetivo de expandir o acesso ao crédito de maneira mais ágil e digital. As SCDs nada mais são do que um dos tipos de fintech de crédito regulamentadas pelo Banco Central (BC) em 2018.
Criadas para oferecer crédito diretamente ao consumidor, sem a intermediação de bancos tradicionais, as SCDs operam com um modelo de negócio baseado na realização de operações de crédito utilizando exclusivamente recursos próprios por meio de plataformas eletrônicas. Ao contrário de outras instituições financeiras, as SCDs não podem captar recursos do público. Isso as diferencia e as posiciona como facilitadoras de acesso ao crédito de forma mais ágil e personalizada.
A seleção dos clientes pelas SCDs segue critérios claros e verificáveis, com base em aspectos como a situação econômico-financeira, o grau de endividamento e a capacidade de geração de fluxos de caixa. Esses critérios garantem, então, que o processo de concessão de crédito seja transparente e seguro.
Além das operações de crédito, as SCDs também podem oferecer serviços complementares. Entre eles estão, por exemplo, análise de crédito para terceiros, cobrança de crédito e emissão de moeda eletrônica (conta de pagamento pré-paga), ampliando ainda mais o escopo de suas atividades no mercado.
Paralelamente, o Open Finance é uma das grandes transformações em curso no setor financeiro. Essa iniciativa permite que os dados financeiros de uma pessoa ou empresa possam ser compartilhados com diferentes instituições de forma segura, mediante o consentimento do titular dos dados.
Na prática, isso permite que diversas instituições – incluindo bancos, fintechs e outras empresas financeiras – acessem informações como histórico bancário, movimentações financeiras e perfis de consumo. Assim, podem oferecer serviços mais personalizados e competitivos. Com o Open Finance, o consumidor assume o controle sobre seus dados, obtendo mais opções de crédito e melhores condições de mercado.
Convergência
A convergência entre as SCDs e o Open Finance cria uma oportunidade significativa. Ao terem acesso a um conjunto mais completo de dados dos consumidores, as SCDs conseguem ajustar melhor suas ofertas de crédito às necessidades e perfis de cada cliente. Dessa forma, tornam o processo de concessão de crédito mais eficiente e inclusivo.
Esse alinhamento entre as duas frentes pode aumentar o acesso ao crédito e promover a inclusão financeira para uma parte maior da população. Isso é especialmente importante em um país como o Brasil, onde uma parcela considerável da população ainda enfrenta dificuldades para acessar o sistema financeiro tradicional.
A ABFIntechs, que ocupa a cadeira 2.3 no no conselho do Open Finance, que representa as SCDs, desempenha um papel importante nesse contexto. A cadeira no conselho garante que essas entidades possam participar das decisões que definem as regras e direções do Open Finance no Brasil. Para isto, é importante que as SCDs participem ativamente dos Grupos de Trabalho (GTs) do Open Finance. Nele, se discutem as inovações regulatórias e tecnológicas que impactam diretamente o setor.
A participação das SCDs nesses debates é fundamental para que possam influenciar as diretrizes que moldarão o futuro do Open Finance. A colaboração entre as SCDs e o Open Finance pode impulsionar um ambiente financeiro mais acessível. Assim, o crédito é oferecido de maneira justa e adequada às necessidades dos consumidores.
O envolvimento das SCDs nos grupos de trabalho e a ABFintechs, com sua atuação no conselho do Open Finance, são importantes para garantir que essa transformação continue beneficiando tanto consumidores quanto o mercado financeiro. No final das contas, isso significa abrir novas oportunidades de inclusão e crescimento.