O Pix completa quatro anos no dia 16/11 consolidado como um sucesso Brasil afora, e sua fama extrapola as fronteiras. Números exuberantes comprovam a ampla adesão ao sistema de pagamento instantâneo criado pelo Banco Central (BC). Mais do que a adoção massiva pela população nos quatro cantos do País, há um movimento crescente de utilização do Pix pelas empresas. A tendência é que isso ganhe ainda mais força no próximo ano com as novas modalidades que estão em desenvolvimento.
No acumulado de novembro de 2020 até setembro deste ano, o volume transacionado pela plataforma é de R$ 52,6 trilhões em 121,5 bilhões de operações. Somente em 2024, o Pix deverá movimentar R$ 27,3 trilhões, alta de quase 60% em relação ao ano passado, conforme projeção da Federação Brasileira de Bancos (Febraban). Ao todo, são cerca de 170 milhões de usuários cadastrados e 805 milhões de chaves Pix.
“Vemos mês após mês a quantidade [de transações liquidadas] crescer de forma sustentada até hoje. Aproximadamente 90% da população adulta no Brasil usa o Pix. Além disso, mais de 70% de todas as empresas no País utilizam o sistema como forma de recebimento e também de pagamento. E o governo em todas as suas esferas também adotou o Pix de forma intensa”, disse Carlos Eduardo Brandt, chefe da Gerência de Gestão e Operação do Pix no BC, em evento da startup Silverguard no dia 12/11.
“Convergência de interesses”
A grande aceitação do consumidor final brasileiro gerou uma convergência de interesses nunca antes vista em uma plataforma de pagamentos, avalia Gastão Mattos, um dos maiores especialistas no setor e CEO da consultoria GMattos. Segundo ele, consumidores, credenciadoras, bancos e lojas têm suas próprias razões que, no fim do dia, ajudam o Pix a ser o meio de pagamento mais popular em volume no momento.
E essa popularidade se desenha também nas operações envolvendo companhias. Dois anos atrás, as transações de pessoas físicas para empresas (P2B, na sigla em inglês) representavam menos de um quarto (24%) da quantidade total. Agora, chegam a 40%. Se considerarmos também o caminho inverso, ou seja, de empresas para pessoas (B2P), essa proporção atinge quase 50%. No entanto, ainda há um longo caminho que o Pix precisa percorrer para avançar nas transações entre CNPJs (B2B) – hoje elas são apenas 3%, embora movimentem as maiores cifras no sistema.
Novas soluções
A perspectiva é que a penetração do Pix entre as empresas continue a aumentar ao longo do próximo ano, com os novos produtos à vista. O Pix Automático, com foco em cobranças recorrentes, promete uma experiência mais simples da que existe hoje com o débito em conta. A modalidade, com previsão de lançamento em junho de 2025, deve ser adotada por negócios de todos os portes e setores.
Antes dele, estreia o Pix por aproximação, em fevereiro de 2025. Fruto da intersecção com o Open Finance, o novo produto vai possibilitar que os brasileiros paguem encostando o celular ou outros dispositivos com a tecnologia NFC. A expectativa é que isso impulsione ainda mais os pagamentos por aproximação, que vieram para ficar – hoje já correspondem a 65% das transações presenciais com cartões, de acordo com a Abecs, associação que representa empresas de meios de pagamento eletrônicos.
Além da dupla que está “na boca do gol”, a agenda evolutiva do sistema de pagamento instantâneo prevê outros produtos, em diferentes estágios de desenvolvimento, que prometem fazer do Pix “onipotente” e “onipresente” no sistema financeiro brasileiro (e quem sabe, global) em um futuro próximo.
Segurança ‘by design’
Todos os novos produtos do arranjo Pix já estão nascendo considerando a segurança como um dos principais pilares do desenvolvimento. É o que Carlos Brandt chamou “segurança by design” em evento recente. Segundo ele, a agenda de segurança do regulador é permanente, em conjunto com as iniciativas das instituições participantes do sistema. A medida mais recente, que entrou em vigor em 1/11, é a que exige o cadastramento de novos dispositivos para uso do Pix, no caso de transações acima de R$ 200.
Além disso, o BC trabalha no aperfeiçoamento do Mecanismo Especial de Devolução (MED), que facilita a devolução de dinheiro em caso de fraudes com Pix. A iniciativa vem sendo chamada pelo regulador de MED 2.0. “Estamos desenvolvendo uma funcionalidade que vai permitir o rastreamento, o bloqueio e a devolução de valores. Vamos anunciar em breve”, contou Roberto Campos Neto, atual presidente do BC, em evento do Google no dia 4/11.
No âmbito da fiscalização e supervisão, o BC também publicou novas regras que endurecem os requisitos para fazer parte do arranjo Pix. A partir de janeiro de 2025, apenas instituições autorizadas pela autoridade monetária a funcionarem no Brasil podem participar.
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