O setor de meios eletrônicos de pagamentos manteve a trajetória de expansão no primeiro trimestre de 2025, com destaque para os pagamentos por aproximação, que cresceram 38,6% em relação ao mesmo período do ano passado. E 71% dos brasileiros já usam a modalidade. Segundo dados da Abecs, o movimento foi de R$ 423,1 bilhões por meio da tecnologia NFC (Near Field Communication), em 6,5 bilhões de transações — ou 3 milhões de pagamentos por hora.
“A gente tinha estimativas de atingir este ano 70% das transações presenciais com cartão por aproximação e já chegou a isso no primeiro trimestre”, afirmou Ricardo Vieira, vice-presidente da Abecs, durante coletiva de imprensa nesta quinta-feira (8/5). “Talvez a gente tenha que rever esse número e projetar, quem sabe, 75% de participação. Isso mostra que o mercado consumidor é receptivo a soluções que tragam segurança, comodidade e usabilidade”, completou.
O pagamento por aproximação cresceu em todas as modalidades: 42% no crédito, 43,4% no débito e 20% no pré-pago. Ainda segundo Vieira, o crescimento da aproximação no débito contrasta com o desempenho geral dessa modalidade, que ficou praticamente estável no período. “Mostra que o produto é atraente na solução de pagamentos por aproximação”, disse.
R$ 1,1 trilhão em transações
No total, a indústria de cartões transacionou R$ 1,1 trilhão entre janeiro e março, um aumento de 9,3% frente ao primeiro trimestre de 2024. “Pela primeira vez, em um primeiro trimestre, a indústria ultrapassou a marca de R$ 1 trilhão”, destacou o executivo. Apesar do crescimento menor do que no ano anterior, a Abecs projeta alta entre 9% e 11% no volume de transações com cartões em 2025. “A gente continua acreditando em um crescimento de dois dígitos para a indústria este ano”, afirmou Ricardo.
O cartão de crédito liderou com R$ 721,1 bilhões (+13,5%), seguido pelo débito (R$ 240,3 bilhões, -0,4%) e pelo pré-pago (R$ 93,5 bilhões, +5,7%). Em número de transações, foram 11,4 bilhões no trimestre (+5,3%).
As compras não presenciais também seguiram em alta. Os pagamentos com cartões feitos pela internet e apps movimentaram R$ 261,8 bilhões, uma alta de 16,2%. O cartão de crédito respondeu por R$ 253,6 bilhões desse total e o débito, por R$ 4,1 bilhões. “O débito tem mostrado crescimento importante tanto na aproximação quanto no online”, observou Ricardo.
No cenário internacional, os brasileiros gastaram US$ 3,8 bilhões (R$ 22,2 bilhões) no exterior com cartões, alta de 1,1%. Já os estrangeiros no Brasil gastaram US$ 1,8 bilhão (R$ 10,5 bilhões), avanço de 14,1%.
Parcelado sem juros
O parcelamento sem juros respondeu por 41,2% das compras com cartão de crédito, somando R$ 335 bilhões. Mais de 98% dessas operações foram feitas em até 12 vezes, sendo que a maioria (63,4%) ficou entre 2 e 6 parcelas. “O parcelado sem juros é quase uma questão cultural no Brasil”, avaliou Ricardo.
Entre os setores com maior crescimento no uso de cartões, destacam-se livrarias (+15,1%), autopeças (+14,6%), roupas e calçados (+13,5%), e alimentação (+13,3%). No setor de serviços, lideraram os pagamentos a profissionais liberais (+37,8%), serviços médicos (+20,6%), cuidados pessoais (+18,3%) e seguros (+18,2%).
Regionalmente, o maior crescimento foi registrado no Nordeste (+15,6%), seguido por Sul (+14,5%), Norte (+14,4%), Centro-Oeste (+13,2%) e Sudeste (+6,8%).