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Aarin, techfin especializada em core banking, vai entrar em "crédito contextualizado" no segundo semestre

Apesar da conjuntura pouco favorável para a oferta de crédito – inadimplência, juros altos e crescimento baixo no Brasil – ainda existem muitas oportunidades para explorar o mercado correndo menos riscos. Como? Aplicando tecnologia.

“Não é o crédito pelo crédito, mas o crédito contextualizado”, diz Ticiana Amorin, fundadora e CEO da Aarin, techfin que nasceu em 2020 e foi comprada pelo Bradesco em 2021 – mas que segundo Ticiana segue com gestão independente. Por crédito contextualizado, Ticiana quer dizer acompanhar de perto as movimentações dos consumidores, os estoques e recebíveis dos marketplaces que são seus clientes.

Ticiana cita o crescimento do Buy Now Pay Later (BNPL, ou “compre agora pague depois”) como exemplo de crédito contextualizado, uma tendência que muitos fornecedores de “embbeded finance” estão surfando agora.

“A tecnologia relacionada ao crédito está sendo ampliada, esta é a grande oportunidade”, diz. Ela explica: “A partir do momento em que entrega o produto para o distribuidor, normalmente a indústria não consegue mais rastrear o comportamento de consumo. Criamos uma conta digital PJ para que tanto distribuidores quanto revendedores possam ter nos seus dispositivos uma plataforma de venda, e assim conseguir fazer o rastreamento de como e quanto estão vendendo; a partir disso, têm previsibilidade dos estoques. Com acesso aos saldos (via Open Finance) de recebíveis, e do comportamento das vendas, conseguem fazer uma oferta contextualizada de capital de giro para o revendedor”, diz. Segundo Ticiana, essa é a fórmula para mitigar riscos e não ofertar mais crédito no escuro.

Pandemia e PIX

A Aarin nasceu no ano da pandemia e também do lançamento do PIX. “Desenvolvemos uma tecnologia robusta de core bancário pensada para empresas nativas digitais. Começamos com um simples gateway de PIX e rapidamente já tínhamos mais de 300 clientes – isso com apenas sete funcionários, dos quais somente um na área comercial”, revela.

Além de prover tecnologia de core bancário para Instituições de Pagamento, Sociedades de Crédito Direto e adquirentes, a Aarin também se especializou em “banking as a service” para quem atende sellers. No negócio de meio de pagamentos, Ticiana atribui o sucesso da techfin à tecnologia de split para marketplaces (serviço que divide recebíveis de maneira automática entre os players envolvidos em uma transação – e não somente em marketplaces, mas também em franquias e aplicativos de delivery, entre outros).

Para Ticiana, o interesse do Bradesco pela Aarin se deu em função das sinergias e também da cultura. “É um reflexo da fintechzação 2.0 que estamos vivendo, quando bancos entendem que as fintechs podem somar, oferecendo tecnologia para embutir serviços financeiros em empresas que são seus clientes”.

Apesar de atender o Bradesco, a Aarin ainda permite que os seus usuários escolham livremente seus fornecedores de serviços financeiros, misturando, por exemplo, cobrança de boletos de um com PIX de outro e crédito de um terceiro – o que vale tanto para parceiros locais quanto internacionais.

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