BC estuda como incluir cartões na iniciação de pagamento

No podcast da Let's Open, João André Pereira, chefe do departamento de Regulação do BC, falou sobre avanço do Open Finance, Drex e super app

O Banco Central (BC) está estudando, ainda de forma preliminar, como inserir o arranjo de cartões no ambiente do Open Finance, por meio da iniciação de transação de pagamento (ITP). Hoje, o serviço permite apenas operações via Pix, mas o cronograma de implementação do sistema prevê outras modalidades, como TED, boleto e débito em conta. 

Segundo João André Calvino Marques Pereira, chefe do departamento de Regulação do BC, a iniciativa vem sendo debatida com o mercado para avaliar a viabilidade e como seria o desenho desse fluxo. “É algo ainda muito inicial, estamos discutindo as possibilidades com a indústria. Mas sabemos da importância do arranjo de cartão de crédito e débito. Então, é justo olhar como encaixamos [isso] no Open Finance”, disse. 

Em entrevista ao podcast da plataforma de conteúdo Let’s Open — o vídeo foi obtido antecipadamente pelo Finsiders —, João André destacou que, apesar do avanço, a iniciação de pagamento está em um estágio preliminar, principalmente por causa da jornada. “Se olharmos a taxa de conversão em iniciação, ela é bastante pior do que a da troca de dados, é menos da metade. Então, a prioridade é tratar isso para que a iniciação de pagamento funcione”, afirmou.

Evolução

Um dos movimentos nessa direção é a criação da chamada “jornada sem redirecionamento”. Na prática, isso permitirá a realização das transações via ITP sem que o cliente precise ser redirecionado ao ambiente do seu banco para confirmar cada operação de Pix. “Além disso, tem a história dos pagamentos recorrentes, algo que também está sendo tratado e é importante para o desenvolvimento de novos casos de uso”, citou. 

Atualmente há 22 instituições aptas a operar como ITP. No acumulado do ano, até 31 de julho, foram movimentados R$ 273,9 milhões em quase 800 mil transações nessa modalidade, conforme dados disponíveis no site do BC. No mês passado, o volume total se aproximou de R$ 65 milhões, o que representou uma alta de mais de 20% em relação a junho. Na comparação anual, o avanço é de mais de 6x. 

Aprendizados

Ainda na conversa com Gabriel Pereira — a íntegra do episódio está disponível ao final do texto —, João André comentou que o BC trabalha na criação de uma nova estrutura de governança do Open Finance como uma evolução da estrutura inicial que segue até hoje. “Estamos com a expectativa de criar essa estrutura mais formal. Não dá para chamá-la de definitiva, ainda mais num projeto como esse que nunca vai acabar.”

O chefe de regulação do BC falou também sobre o histórico do Open Finance no Brasil, assim como os erros e acertos nessa jornada de pouco mais de 2 anos e meio. “Sabemos que cronogramas muito ousados vão gerar retrabalho depois. É esse cuidado que temos. Mas sem perder também o senso de urgência. O sistema financeiro precisa ver esse projeto como prioridade”, disse. 

No podcast ele comentou, ainda, a respeito de temas como falta de concursos no órgão regulador, ‘super app’, identidade digital, Drex (o novo nome do Real Digital, se você se desconectou do mundo na última semana), entre outros assuntos. 

Leia também:

BC lançará neste semestre consultas públicas sobre regulação de criptoativos

Omie é autorizada pelo BC a atuar como iniciador de pagamentos

Blip e Efí Bank lançam iniciação de pagamento no WhatsApp