
O BS2, banco digital voltado a empresas, quer avançar com uma solução de “Pix internacional” neste ano. Para isso, a instituição mineira está comprando o VoucherPay, plataforma que permite a brasileiros pagarem compras no exterior com Pix ou cartão de crédito com parcelamento em reais. A solução foi criada em 2019 pela fintech Brapago, subsidiária do banco digital sueco Intergiro, em parceria com o próprio BS2.
O banco está adquirindo o produto, e não a empresa como um todo. Ou seja, a Brapago segue funcionando com seus outros produtos e serviços. Com o negócio, cujo valor não foi revelado, o BS2 passa a deter integralmente a tecnologia, a operação e a marca Voucherpay. A gestão da plataforma será feita por uma unidade multidisciplinar dentro do banco, envolvendo áreas como câmbio, adquirência e tecnologia.
“Já éramos parceiros deles desde 2019, primeiro para transações com cartões e depois via Pix. Agora entendemos que estava na hora de trazer esse negócio para dentro do banco”, diz Carlos Eduardo de Andrade, conhecido como Cadu, diretor executivo de Câmbio do BS2, com exclusividade ao Finsiders Brasil. “Neste momento, estamos no processo de migração dos contratos com os lojistas [da Brapago para o BS2]. Em cerca de 15 dias, isso deve estar concluído”, conta.
Compras no exterior
A proposta do VoucherPay é facilitar o pagamento de compras no exterior por meio do Pix. A plataforma tem integração com as APIs de Pix do BS2, assim como com os sistemas de adquirência do banco. APIs é a sigla em inglês para interfaces de programação de aplicações, que permitem troca de informações entre diferentes sistemas.
O modelo de negócios do VoucherPay é B2B2C, ou seja, os clientes são os lojistas estrangeiros que optam por disponibilizar o pagamento via Pix aos consumidores finais. “O turista brasileiro chega no Shopping China, no Paraguai e pode pagar em reais, por exemplo. No tablet da loja, ele vê o valor convertido e escolhe se quer pagar com Pix, débito ou crédito, em até 10 vezes”, explica Cadu. “É uma venda que o lojista não teria. A gente transforma intenção em compra.”
Além da comodidade, para o consumidor, a transação em reais elimina a volatilidade cambial. “Tem um perfil de cliente que não pretendia comprar, mas encontra uma forma acessível de pagar. Parcelas fixas em reais fazem a diferença, porque não tem a sensibilidade ao câmbio”, afirma o executivo.
Novos mercados
Atualmente, mais de 230 estabelecimentos já aceitam a modalidade em mercados vizinhos ao Brasil, como Paraguai e Uruguai, além de nove países na Europa – França, Portugal, Espanha, Reino Unido, Alemanha, Irlanda, Itália, Malta, Suíça. “Todo mercado onde tem brasileiro é um potencial negócio para o VoucherPay. O mais óbvio é Estados Unidos, onde já temos presença por meio de outra operação. Também estamos olhando para a China, que tem atraído mais brasileiros.”
Com o VoucherPay dentro de casa, até o fim de 2025 o BS2 prevê movimentar cerca de R$ 100 milhões por meio dessa plataforma. A partir de 2026, a expectativa é atingir um volume mensal de R$ 20 milhões, o que resultaria em R$ 240 milhões no ano. “Num prazo mais longo, podemos fazer muito mais do que isso”, prevê Cadu.
De acordo com o executivo, a estratégia de crescimento se baseia principalmente na expansão da base de lojistas e no fortalecimento da distribuição desse produto no mercado. “O crescimento não virá tanto de novos viajantes brasileiros, mas sim da ativação de mais pontos de venda e da movimentação neles.”
Transações cross-border
O VoucherPay não é a primeira iniciativa do BS2 para ganhar espaço nas operações transfronteiriças (cross-border). Há dois anos, por exemplo, o banco lançou a Easy Pay, solução de câmbio e cash management que viabiliza transações internacionais 24×7. “Hoje, dominamos essa jornada de ponta a ponta”, afirma Cadu.
Ao mesmo tempo em que a movimentação do BS2 vem num contexto favorável porque o Pix virou “queridinho” em outros países, a alta recente do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) afeta viagens internacionais, o que pode ser um desafio para esse negócio. “Ainda estamos avaliando os impactos, mas não sei se esse aumento vai impedir alguém de viajar”, diz o diretor do banco.