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Giro.Tech, de Curitiba, negocia rodada pre-seed, passa a atender startups e quer chacoalhar a lógica do mercado de Venture Capital

A Giro.Tech, techfin de Curitiba especializada em infraestrutura para crédito, está finalizando uma rodada de captação pre-seed com um fundo de venture capital. Com os recursos, vai ampliar seu “canivete suíço” de ofertas e clientes. Além das varejistas, vão passar a atender também startups – mercado que Oliveira considera desatendido. As informações são do CEO Ronaldo Oliveira.

A ideia é chacoalhar a lógica do mercado de fundos de investimentos de capital de risco, ou venture capital. “Queremos trazer o VC junto na operação de crédito, com um modelo que inclui a participação do fundo não só no capital, mas também em uma parte da dívida subordinada, que tem mais risco”, explica.

O CEO lembra que mesmo as startups que não nascem como fintechs precisam lidar com o desafio inicial de se capitalizarem.

“Normalmente os fundos exigem histórico de crédito para fornecer funding para isso, mas sem recursos como a startup pode conceder crédito?”, pergunta. Para ele, entregar um pedaço do captable para fundos de VC no começo da startup não é muito saudável. “Vamos ajudar a startup convencendo o fundo de VC de que o sucesso dela depende do sucesso da tese”.

Mas, como fazer isso? “Estruturando operações nas quais o risco comercial seja controlado, com condições bem especiais para o cliente plotar por 12 meses”. Em paralelo, será preciso fazer um trabalho para trazer mais governança, reforçar as áreas jurídicas e de compliance para as startups. Segundo Oliveira, a Giro.Tech está preparada para isso.

Ronaldo Oliveira/Giro.Tech

Tração e break even

A Giro.Tech nasceu em 2020 mas passou a ganhar tração em 2021, depois do período de incubação e aporte de R$ 1 milhão da Darwin, de Santa Catarina. Segundo seu CEO, a empresa atingiu o break even no ano passado. Eles têm licença de Sociedade de Crédito Direto (SCD) pelo Banco Central, e de securitizadora pela Comissão de Valores Mobiliários.

O negócio deles é estruturar debêntures e recebíveis em Fundos de Investimento de Direitos Creditórios (FIDCs), para “tirar o crédito das mãos dos bancos”. “Empresas que atuam no B2B já compram uma da outra a prazo, parcelam. Nós viabilizamos a bancarização das outras – varejistas e agora também startups – ajudando a levantar fundos e provendo infraestrutura de crédito por meio da SCD”.

Fintechzação

“Conseguimos viabilizar que qualquer empresa saudável faça sua própria operação de crédito dentro de casa. Por meio da emissão de Cédula de Crédito Bancário (CCB), a empresa formaliza o crédito pela nossa SCD e consegue emprestar para seus clientes sem precisar obter licença financeira”, diz. “A preocupação é só como dar crédito, analisar para quem”.

Oliveira explica que a GiroTech pensa primeiro na solução sob medida para o cliente, depois vai atrás das licenças – próprias ou de terceiros – que precisam ser plugadas.

“O cliente final nem enxerga que o credor está sendo ‘bancarizado’ por um terceiro.”

Hoje com 33 funcionários, a Giro.Tech espera terminar este ano com 40. A meta para 2024 é faturar R$ 10 milhões, mais do que o dobro do previsto para este ano.

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