Na Colômbia, Credix usa stablecoin para levar crédito ao agro

A iniciativa está sendo implementada pela Credix com o apoio da fintech Clave e de investidores como Solana Foundation e Keyrock

A Credix, marketplace de crédito que trabalha com DeFi (sigla em inglês para finanças descentralizadas), acaba de anunciar o primeiro pool de recebíveis segurado para oferecer crédito a produtores rurais da Colômbia. A iniciativa está sendo implementada com o apoio da Clave, fintech originadora de empréstimos, e de investidores como Solana Foundation e Keyrock.

Conforme o modelo de negócio, a Clave e suas afiliadas fazem a originação dos empréstimos em pesos colombianos. Como garantia, oferecem recebíveis para os títulos por meio de master trust de falência — veículo de investimentos de administração coletiva que permite economia em escala e é bastante utilizado nos Estados Unidos e na Europa.

A nota privada de crédito, normalmente registrada em agências de compensação, como a Instituição Fiduciária de Depósitos (DTC, em inglês), é adquirida e liquidada em USDC (stablecoin pareada ao dólar) na plataforma da Credix, onde a conversão do dólar para o peso é realizada.

O pool que financia os agricultores oferece retorno em dólar de cerca de 11% ao ano e tem duração de 40 a 45 dias. Depois desse prazo, os investidores têm a opção de sair ou continuar no investimento.

“Queremos provar que as oportunidades de crédito na América Latina são muito diferenciadas, trazendo isso para o investidor norte-americano. É possível trazer capital para esses países que têm dificuldade de crescimento. É uma carteira muito boa, com foco grande em impacto social, que vai ajudar o setor agrícola local a produzir e exportar seus produtos”, afirma Chaim Finizola, cofundador e diretor de governança corporativa da Credix, em entrevista ao Finsiders.

Além de reembolsar os investidores por meio da Credix, em USDC, a Clave também cobre as exposições cambiais necessárias, visando a redução dos riscos das transações.

Escala

Para a tarefa, tem entre as afiliadas a Liquitech — uma fintech local focada em inclusão financeira –, que integra um software proprietário (com score de crédito formado por inteligência artificial) e tem APIs que se conectam com a Cesce, seguradora subsidiária da Agência Espanhola de Crédito à Exportação, apoiada pelo governo espanhol e que tem como acionista a resseguradora Munich RE.

Até o momento, a Clave já originou US$ 10 milhões em USDC por meio da Credix em 2023, mas a ideia é elevar o montante de forma considerável até dezembro. Segundo Chaim, é possível escalar a operação para US$ 100 milhões neste ano, e em outros US$ 200 milhões, em 2024. “Temos vontade de crescer com eles, o que vai depender do apetite dos investidores”, diz. O pool de recebíveis é voltado somente para os investidores institucionais.

Para os investidores dos EUA, o retorno acima de dois dígitos se mostra atrativo, ainda mais em um momento de queda dos juros no país, além de contar com alta liquidez. Por outro lado, para as lojas de adubos que atendem os produtores colombianos, é uma oportunidade de ajustar o fluxo de caixa, já que o comércio local costuma receber entre 20 a 40 dias a partir da entrega dos fertilizantes às propriedades.

“Conseguir que investidores de todo o mundo invistam facilmente em nosso mercado de recebíveis colombiano é algo que até recentemente era impensável. Estamos entusiasmados em colaborar com a Credix e seus parceiros para acessar os benefícios do ecossistema DeFi. Nossa ambição conjunta é expandir e dimensionar a parceria e integrar outros investidores nos próximos meses”, afirma Pablo Pizzimbono, CEO da Clave, em comunicado.

Potencial

Fundada em 2020 nos Estados Unidos, a Clave é uma provedora de crédito concentrada na originação e serviços digitais para pequenas e médias empresas (PMEs), que alcança da indústria ao setor rural na América Latina, especialmente na Colômbia. Na sua alta liderança, tem uma equipe formada por ex-funcionários do Goldman Sachs e JP Morgan.

No futuro, o pool de recebíveis pode aterrissar em outros mercados e segmentos da região. “É uma coisa que estamos potencialmente explorando. Estamos tentando encaixar no roadmap, para potencialmente levar para outros países da América Latina”, finaliza o cofundador da Credix.

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