Há quase dois anos, a Remessa Online firmou um acordo com o Nubank para levar o serviço de transferências internacionais, com desconto, aos clientes do banco digital. Foi o movimento que fez a fintech enxergar uma oportunidade de ingressar no modelo B2B2C, disponibilizando sua infraestrutura tecnológica para diferentes players que queiram “plugar” a solução de remessas internacionais em suas plataformas e, assim, oferecê-la aos seus consumidores.
A expectativa é avançar nessa frente de negócios chamada pela empresa de “processamento”, que inclui a solução de “FX as a service” ou “câmbio as a service” via API (sigla em inglês para interface de programação de aplicação) e, mais recentemente, o “Portal do parceiro”, voltada para operações de câmbio de baixa complexidade.
“Na vertical de processamento, nós vendemos o ‘motor do carro’”, brinca o CEO José Dias, em conversa com o Finsiders no escritório da fintech, em São Paulo.
O engenheiro carioca construiu a carreira no ambiente corporativo, com passagens por grandes indústrias como Ambev, Kraft-Heinz e Whirlpool, e começou a se aprofundar no mundo da inovação e da tecnologia durante um período sabático entre 2019 e 2020, quando foi apresentado aos fundadores da Remessa Online, Alexandre Liuzzi e Fernando Pavani.
Com a aquisição do negócio pelo Ebanx no fim de 2021, o processo de transição no alto escalão ganhou corpo, e Zé Dias assumiu o posto de CEO da Remessa Online no lugar de Fernando, que agora é advisor da fintech junto com Alexandre — os outros dois fundadores, Marcio William (tecnologia) e Renato Aoki (produtos), seguem no dia a dia da empresa.
Agora bastante ambientado com o universo da tecnologia e seus solavancos recentes, Zé Dias reconhece que 2022 não foi um ano fácil também para a Remessa Online, que demitiu 70 pessoas em novembro último. “O vento mudou, todo mundo teve de se adaptar. O TPV cresceu em ritmo menor, a receita também. Então, repensamos a companhia”, diz o CEO.
Hoje, o negócio se divide em duas grandes verticais: plataforma (operações para pessoas físicas e PJ, especialmente pequenas e médias empresas) e processamento (“FX as a service” e “Portal do parceiro”).
Novas parcerias
Em processamento, Zé Dias revela ao Finsiders que a fintech acaba de fechar uma parceria com a Contabilizei para levar o serviço de transferências internacionais aos clientes do escritório de contabilidade online, que há três meses lançou o Contabilizei.bank, o seu banco digital para micro e pequenas empresas. Outro acordo recém-firmado foi com a plataforma de investimentos Warren, diz Zé Dias.
Por meio do “Portal do parceiro”, a Remessa Online está de olho em escritórios de assessores de investimentos, traders de commodities e empresas de cripto, entre outros perfis de empresas que desejam oferecer o serviço de câmbio para seus clientes, sem precisar de desenvolvimento ou integração de API.
“Boa parte dessas operações hoje é offline. Então, disponibilizamos essa ferramenta para a tomada de preço do câmbio sem burocracia, com menor custo e acesso por login e senha”, afirma o CEO. Os primeiros contratos foram assinados nos últimos meses, mas o executivo não revelou mais detalhes.
Carteira digital internacional
A Remessa Online também prepara novidades em sua plataforma de soluções para PFs e PMEs. Uma delas, que deve ser lançada no segundo semestre deste ano, é uma carteira digital internacional, o que faria a fintech entrar num jogo concorrido com players como sua competidora direta Wise, além de nomes como Nomad, Avenue, C6 Bank, Inter, Revolut, entre outros.
Para operacionalizar o produto, a empresa acaba de fechar contrato com uma instituição financeira norte-americana, de nome não revelado. “Estamos com tudo assinado”, diz o CEO, sem abrir mais informações. Na prática, com essa solução, a Remessa Online passaria a estar presente em outros momentos da jornada do cliente, por exemplo, o consumo durante uma viagem. “Hoje, o brasileiro manda dinheiro para fora com a Remessa Online, mas não consegue usar lá. Com a nossa ‘wallet digital’, isso vai mudar.”
A fintech caminha, ainda, para tornar as operações na plataforma praticamente instantâneas. Atualmente, 90% das transações ocorrem no mesmo dia, conta Zé Dias. O plano para o segundo semestre é que mais da metade das operações sejam realizadas em até 15 minutos. “É uma espécie de ‘Pix internacional’”, diz o executivo.
Apesar de ser um desejo da empresa chegar a 100%, Zé Dias reforça que esse patamar depende de os países para os quais são realizadas as transferências terem o equivalente ao Pix implantado em seus sistemas bancários.
Por causa de uma política interna, a Remessa Online não divulga mais o volume processado em sua plataforma. Em meados de fevereiro, a fintech informava ter transacionado R$ 31 bilhões desde o início da operação, em 2016, com um total de mais de 400 mil clientes, conforme reportagem do portal parceiro Startups.
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