Shipay movimenta R$ 15 bi em 2022, impulsionada pelo Pix

Em 2022, a fintech Shipay viu a quantidade de transações em sua plataforma crescer 35 vezes em relação ao ano anterior

Enquanto o Pix faz sucesso Brasil afora, o sistema de pagamento instantâneo criado pelo Banco Central também é um dos vetores de crescimento para fintechs como a Shipay, que integra pagamentos digitais ao caixa de varejistas. No ano em que o Pix movimentou R$ 10,9 trilhões em 24,1 bilhões de operações, a fintech viu a quantidade de transações em sua plataforma crescer 35 vezes.

Em 2022, a Shipay superou a marca de R$ 15 bilhões em 28 milhões de transações, revelam os sócios-fundadores da empresa, Charles Hagler e Luiz Coimbra, em entrevista exclusiva ao Finsiders. O volume movimentado pela fintech no ano passado foi quase 4 vezes maior em relação ao resultado de 2021. Ainda assim, o ritmo de expansão ficou abaixo do que os empreendedores haviam previsto em entrevista ao Finsiders, em janeiro do ano passado.

“Foi um ano desafiador. Atravessamos o deserto com todo mundo e saímos vivos do outro lado”, reconhece Charles.

Segundo ele, a receita da Shipay cresceu 8 vezes em 2022, na comparação com o ano anterior — o número absoluto não foi divulgado. A empresa também atingiu o ‘breakeven’ e não precisou recorrer às demissões em massa — hoje, a fintech tem mais de 50 pessoas na equipe.

Ele conta que uma das opções no ano passado era “dobrar a aposta”, por exemplo, com a captação de uma rodada Série A que levaria a uma expansão maior. “Mas o mercado secou totalmente”, diz o empreendedor. Desde o início do negócio, em 2019, a Shipay levantou somente um aporte (de valor não revelado) com Laércio Cosentino, sócio-fundador da Totvs, e João Augusto Valente, mais conhecido como Guga Valente, sócio-fundador do grupo de comunicação ABC.

Da esquerda para a direita: Charles Hagler,  Paulo Loreiro, Luiz Coimbra e Fábio Ikeno. Foto: Divulgação/Shipay
Da esquerda para a direita: Charles Hagler, Paulo Loreiro, Luiz Coimbra e Fábio Ikeno. Foto: Divulgação/Shipay

Segundo os fundadores, 2022 foi de crescimento no número de canais e também de parceiros de software, como ERPs, PDVs, frente de loja, e-commerces e aplicativos de varejo. A Shipay encerrou o ano com mais de 300 parceiros homologados e outros 370 em fase final de integração. Na lista estão nomes como Totvs, NCR, Zucchetti, entre outros.

Novos mercados

Já em seu “hub” de meios de pagamento digitais, são 25 carteiras digitais integradas à plataforma, além de mais de 10 parceiros para operações com Pix, quatro provedores de iniciação de pagamento e mais de 170 criptomoedas. “Vamos complementar o hub porque há mais bancos entrando e mais opções de carteiras digitais. Estamos conversando com algumas bem nichadas”, diz Charles.

Com presença em mais de 300 segmentos diferentes do varejo, a solução da Shipay está disponível para aproximadamente 2 milhões de estabelecimentos comerciais em todos os Estados brasileiros. São varejistas que utilizam os sistemas de frente de caixa, PDVs e ERPs integrados à plataforma da fintech. “No começo, éramos muito focados em varejo físico. Agora estamos meio a meio entre varejo físico e online”, informa Luiz.

Em 2023, a Shipay aposta em novas modalidades previstas para o Pix, como pagamentos recorrentes, Pix parcelado, Pix garantido, entre outras que estão na agenda do BC. A fintech também mira novos produtos, como antecipação de recebíveis, e espera avançar no mercado corporativo — hoje a Shipay tem como clientes companhias como Porto Seguro e Burger King. “Tem algumas instituições de ensino trocando boleto por pagamento via Pix”, exemplifica Luiz.

Outro segmento no radar da Shipay é o de distribuidoras de energia elétrica. Isso porque recentemente a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) publicou uma medida que obriga as companhias do setor a oferecerem o Pix como opção de pagamento da conta de luz. As empresas terão 120 dias a partir da publicação da medida no Diário Oficial da União para cumprir a decisão.

“Em utilities, não existe um processo integrado e conciliado de pagamento. Estamos muito aptos a atacar esse mercado”, aponta Luiz.

Sobre o resultado esperado para o ano, os fundadores não abrem projeções, mas dizem que a expectativa é crescer mais do que em 2022. “No fundo, agora é aumentar produtos e escalar”, diz Charles. Apesar de a empresa ter atingido o equilíbrio financeiro e estar com dinheiro no caixa, os empreendedores não descartam uma captação. “Não é algo que tiramos do mapa. Estamos abertos, mas a partir do momento em que se gera dinheiro, uma captação pequena já não faz mais sentido”, afirma Luiz.

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