Tendências | Venture debt

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Por que é relevante

O venture debt, modalidade pouco conhecida no mercado brasileiro, começa a ganhar adeptos. Startups como GoomerKenoby e SmartMEI são alguns dos negócios que já recorreram à alternativa para financiar as operações.

Todas receberam recursos do fundo Brasil Venture Debt I. Gerido pela SP Ventures e com capital de R$ 140 milhões para emprestar a 35 startups até o fim de 2021, o fundo tem nove investidores, entre eles, BNDESBDMGBossa Nova Investimentos e XP.

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Como expliquei recentemente em matéria para o Valor Econômico, o venture debt permite que as empresas levantem recursos na forma de dívida não conversível, em vez de vender equity. O resultado é uma captação de recursos mais barata e com menor diluição dos founders.

Tamanho de mercado

Ainda recente no Brasil, a modalidade é usada por empresas de tecnologia, como Airbnb, Facebook, Spotify e Uber, há pelo menos 30 anos. No ano passado, por exemplo, o segmento de venture debt movimentou US$ 3 bilhões, segundo o Pitchbook, e representa em torno de 15% do mercado de Venture Capital.

Novos entrantes

As primeiras operações com venture debt no Brasil ganharam corpo no ano passado, e mais recentemente outros players começam a avançar no segmento. O BTG Pactual, por meio do boostLAB, tem investido na área e desembolsa entre R$ 10 milhões e R$ 30 milhões por empresa.

São tíquetes para negócios que já passaram por rounds seed ou series A. Dois exemplos de empresas que levantaram dinheiro são Zoom (dono do Buscapé) e a construtech paranaense Tecverde.

Peso pesado

Silicon Valley Bank anunciou recentemente o encerramento do Latin America Growth Lending Fund, um novo fundo de US$ 30 milhões para emprestar recursos a startups na América Latina e no Caribe.

Em parceria com Partners for Growth (PFG) e BID Invest, o veículo financiará negócios em setores, como software, tecnologia, ciências da vida, saúde e fintech, entre outros.

O que dizem especialistas

  • Bruno Diniz, sócio da consultoria Spiralem e professor da Universidade de São Paulo (USP): trata-se de um mercado que tende a ganhar mais fôlego nos próximos anos. Começa a ser uma pauta em bancos de investimento, e outras instituições focadas no segmento estão surgindo, caso da Galapagos Capital.
  • Daniel Ibri, CEO da Mindset Ventures: o avanço do venture debt esbarra, entre outros aspectos, em uma questão cultural em relação às estruturas de garantias das operações de crédito no país. A garantia real é bem estabelecida no Brasil para o crédito tradicional, mas quando pensa em propriedade intelectual, marca ou contratos futuros de softwares, tem um desafio pela frente.