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A Trace Finance quer criar um ecossistema financeiro global para startups latinoamericanas. Além de câmbio e outros produtos e serviços financeiros que estão no roadmap, a fintech está construindo um hub de soluções para os seus clientes, com parceiros de diferentes áreas como Venture Debt, gestão contábil, CRM, marketing, legal, entre outras.
“A lógica é pensar o que nosso cliente, a startup latina, precisa utilizar para poder ir para o próximo nível. Estamos falando desde players que vão ajudar a capitalizar a startup até marketing, PR [public relations], serviço de legal, tudo o que é essencial para as empresas, desde o seed até os estágios mais avançados”, explica Bernardo Brites, CEO e cofundador da Trace Finance.
O primeiro acordo — que está sendo anunciado com exclusividade ao Finsiders — é com a norte-americana Carta, que já levantou mais de US$ 1 bilhão conforme o Crunchbase e foi avaliada em US$ 7,4 bilhões em sua última rodada de captação, há quase um ano. Referência em plataforma para gestão de equity, capital e liquidity (stock options e company shares), a Carta tem mais de 28 mil clientes globalmente e já possui um escritório no Brasil, localizado no Rio de Janeiro.
A parceria entre Trace Finance e Carta é pautada em desenvolvimento comercial (BizDev). Em outras palavras, a Carta vai apresentar a solução da Trace para os seus clientes brasileiros, enquanto a fintech vai oferecer uma condição especial da empresa norte-americana aos seus clientes.
“Todas as empresas vão ter acesso um desconto de 20% por um ano, em qualquer pacote comercializado pela Carta, que está muito focada em desenvolver os mercados latino e brasileiro”, aponta Nicholas Ghitti, Chief Revenue Officer (CRO) da Trace Finance. “A parceria já está ativa, basta os clientes falarem com a gente no grupo ou por e-mail e pedir o código de desconto”, complementa Bernardo.
De acordo com o fundador, o acordo com a Carta é o primeiro de outros que estão sendo costurados para que a Trace Finance passe a oferecer esse ecossistema de apoio aos empreendedores latinos. “Temos mais de 30 parcerias em negociação em diversas verticais”, revela Bernardo.
Com esse ecossistema de soluções para as startups, a ideia da Trace Finance não é criar uma nova linha de receita, e sim agregar mais valor para os seus clientes, o que no final do dia ajuda a ampliar o relacionamento que a fintech tem com as startups e, claro, com o mercado como um todo. “Queremos efetivamente criar um hub de parcerias para startups brasileiras.”
O empreendedor diz que a visão da Trace Finance é se tornar um “parceiro financeiro global” das startups na América Latina, com uma experiência sem fronteiras e sem atritos.
O roadmap inclui uma conta global para as startups que, segundo Bernardo, já tem uma “lista de espera considerável”, mas o fundador não abre mais detalhes sobre o produto. “Muitos clientes que nos utilizam por causa do câmbio acabaram vindo por esses produtos [que lançaremos] no futuro.”
Crescimento
Criada no ano passado, a Trace Finance já tem uma base com mais de 90 startups, incluindo nomes como Conta Simples, CondoConta, Flash, Noh, Zippi, entre outros.
A expectativa é chegar a aproximadamente 150 clientes até o fim do ano — no início de 2022, quando falou ao Finsiders, a meta era atingir 100. “Não tivemos churn até hoje”, conta Bernardo. Desde que iniciou a operação, a fintech já processou R$ 1 bilhão. A projeção é mais do que dobrar esse volume até o fim do ano, superando os R$ 2,5 bilhões.
“Apesar do momento de certa hesitação no mercado, estudamos o segmento e avaliamos que, ainda neste ano, teremos uma grande demanda de startups e investidores do Brasil e da América Latina”, diz Bernardo. “São diversas startups que deverão levantar aportes. E, por consequência, necessitarão de um suporte robusto para receber os recursos lá fora e, posteriormente, os enviar para suas instituições locais.”
Fundada por Bernardo, Rafael Luz (COO) e Leone Parise (CTO), a Trace Finance tem como principal solução o serviço de câmbio para startups que precisam trazer recursos do exterior ao Brasil, um processo que costuma ser demorado, burocrático e caro.
“Nosso serviço é bem mais em conta, pois reduzimos o spread de 4% para 0,2% em média”, conta Bernardo. No back-end, a fintech opera em parceria com mais de 15 bancos. “E isso é muito importante para nossa estrutura porque não dependemos de um só player.”
Para crescer, em fevereiro a Trace Finance levantou US$ 4,3 milhões (equivalente a R$ 22,3 milhões no câmbio da época), em uma rodada liderada pela HOF Capital (investidor na Stripe, SpaceX, Klarna, Uber e Niantic) e que contou com a participação de 30 fundos e investidores-anjos, como Circle Ventures, Mantis Venture Capital e 2TM (holding controladora do Mercado Bitcoin).
Mercado
Conforme vai se posicionando como um ecossistema financeiro e hub de serviços para startups, a Trace Finance começa a encontrar concorrentes. Entre eles, a Kamino que, como o próprio nome deixa claro, quer ajudar a pavimentar o caminho para acelerar o ‘time to market’ das startups. Outro player é a Latitud, de Brian Requart, que lançou em fevereiro o Latitud Go, um serviço para apoiar startups na abertura de estruturas fora do Brasil.
Bancos de investimento, como Itaú BBA, BTG Pactual, Bradesco BBI, Genial, entre outros, também vêm ampliando o portfólio de soluções financeiras para startups e empresas de tecnologia. O Itaú BBA, por exemplo, começou a rodar no início do ano sua operação de Venture Debt, conforme revelou o Finsiders. Já o Bradesco BBI anunciou em março a criação do BBI Tech, núcleo para assessorar investidores e empresas de tecnologia.
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Danylo Martins é jornalista com dez anos de cobertura de finanças, empreendedorismo e inovação no setor financeiro. Com MBA em mercado de capitais, é vencedor de quatro prêmios de jornalismo econômico e colabora com o jornal Valor Econômico há oito anos. Teve passagens por Folha de S.Paulo e revista Você S/A.
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