Trademaster entra em recebíveis de cartão e vai lançar mais produtos

Por Alessandra Taborelli*, especial para o Finsiders

A Trademaster, fintech especializada em soluções financeiras e de crédito B2B, acaba de lançar um novo produto para recebíveis de cartão, o Tradeturbo, e já tem duas outras novidades que serão apresentadas aos clientes no primeiro trimestre do ano: o Tradeprazo e o Tradegiro. A informação foi divulgada com exclusividade ao Finsiders.

A ferramenta permite que os varejistas utilizem gratuitamente a sua agenda de recebíveis de cartão de crédito e débito como garantia para gerar e incrementar o seu limite de crédito disponível. Com a solução, o varejista sempre terá limite de crédito para comprar nas indústrias e distribuidores conveniados e, com isso, não precisará mais pagar para antecipar suas vendas de maquininha, para fazer compras à vista.

Diferentemente do que é oferecido hoje no mercado, o Tradeturbo é dado como garantia para antecipação de recebíveis, mas o título só é descontado se o pagamento não for feito.

“Tem muita gente fazendo uma pequena maldade, porque obriga o cliente a antecipar o pagamento na indústria. Nós não fazemos isso porque nossa preocupação é a saúde financeira do varejo. A gente sabe o quanto dói ter que antecipar o caixa, a grande fonte do pequeno empreendedor é o prazo”, explica o CEO da Trademaster, Francisco Pereira, ao Finsiders.

A oferta desse tipo de produto de antecipação de recebíveis é uma modalidade que vem crescendo, principalmente, depois que o Banco Central (BC) modernizou, em abril deste ano, as regras sobre arranjos de pagamentos e liquidação de recebíveis por meio da Resolução BCB nº 89.

A medida é uma importante fonte de financiamento dos estabelecimentos comerciais, em especial, os de menor porte. Pela norma, agora a quitação da antecipação pode ocorrer em qualquer hora do dia e em todos os dias da semana.

De acordo com o CEO da Trademaster, essa foi a forma que a autoridade monetária encontrou para organizar e centralizar os recebíveis, possibilitando que os varejistas passem a utilizar estes valores para aquisição de linhas de crédito ou garantias de compras, conforme suas necessidades, propiciando mais concorrência e um crescimento do poder de compra para esse setor.

“Com a nova regulamentação criada pelo BC, a Trademaster enxergou a oportunidade de auxiliar ainda mais os varejistas”, explica.

Para começar a operar na plataforma, o varejista precisa efetuar um cadastro no aplicativo Trade+ e autorizar o acesso e visualização dos seus recebíveis de cartão de crédito e débito, que serão usados como garantia para aumentar o seu limite. “Nosso objetivo é mostrar para o mercado que existem soluções de crédito de baixo custo e fácil aplicação quando se utiliza alta tecnologia aliada ao conhecimento das necessidades do varejo.”

O produto foi lançado em julho deste ano, e as expectativas são bem otimistas. Para 2022, o TradeTurbo deve corresponder entre 10% e 15% do total transacionado pela TradeMaster, cita Francisco.

O otimismo não para por aí. A fintech já tem na manga dois novos produtos para serem lançados no primeiro trimestre do próximo ano, revela o empreendedor.

O primeiro (Tradeprazo) é voltado para o parcelamento de boletos, ou seja, caso o empresário perceba que não terá condições de pagar um determinado boleto, ele solicita, antes do vencimento, que o mesmo seja parcelado em até três vezes. Já o Tradegiro é uma linha de crédito para ajudar o fluxo de caixa ou para reformas.

Perspectivas

De acordo com o executivo, os novos produtos vão ao encontro do que deve ser a nova necessidade dos pequenos e médios empreendedores em 2022, que é o acesso ao crédito. Pereira acredita que o próximo ano deve ser mais restritivo em relação ao acesso ao crédito, devido à situação econômica do Brasil.

“A alta do juro e da inadimplência, e a situação econômica do país devem levar a uma maior restrição da oferta de crédito. Com isso, o varejo, que é cada vez mais dependente de fontes inovadores de crédito, precisa ter opções que ajudem neste momento”, explica. “Podemos ter outras novidades ao longo do ano”, acrescenta.

O CEO explica ainda que o aporte feito pelo BV no início deste ano, de R$ 100 milhões, será suficiente para o roadmap da fintech em 2022. No entanto, ele ressalta que para 2023 talvez seja necessário um novo investimento.

O executivo diz que a empresa tem investido fortemente no time de atendimento aos clientes e no fortalecimento da área de crédito e de dados.

Atualmente, a companhia atende cerca de 850 mil varejos no Brasil, e tem convênio com 80 empresas entre indústrias ou distribuidoras.

A fintech também quase dobrou o número de colaboradores este ano, para 190 pessoas e ainda tem mais de 40 vagas abertas. “Aceleramos muito a estruturação da empresa. Estamos buscando funcionários focados em tecnologia, todo mundo está tentando achar profissionais qualificados, está difícil”, diz.

Em recebíveis de cartão, a Trademaster não está sozinha. Muito pelo contrário. Disputam fatias do mercado players como Monkey Exchange (com o Spike), Marvin, TruePay, Blu, entre outras. Sinal de que a competição no segmento ainda está no início.

*Alessandra Taraborelli é jornalista especializada em finanças e colaboradora freelance do Finsiders.

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