Baduk, de crédito para MEI, fecha com SRM Asset e planeja emprestar R$ 1 milhão por mês

O número de microempreendedores individuais (MEIs) bateu recorde em 2020. Ao todo, são 11,3 milhões de MEIs ativos no Brasil, um crescimento de 20% em relação a 2019. A fintech de microcrédito Baduk está de olho nesse público e acaba de fechar uma parceria com a gestora SRM Asset para obter uma linha de crédito de R$ 22 milhões, oriunda de um FIDC da asset, que servirá de funding para a originação de empréstimos em sua plataforma digital, revelou à Finsiders André Szapiro, cofundador da startup. Em contrapartida, a gestora entrou como sócia na fintech.

O empreendedor conta que a demanda por crédito explodiu nos úlitmos meses de 2020. Tanto é que a lista de espera chegou a 2 mil microempreendedores em busca de empréstimo, uma procura que corresponde a cerca de R$ 500 mil. Agora, com o funding da SRM, o objetivo é originar 4 mil empréstimos ao longo de 2021, com um volume estimado de R$ 1 milhão por mês em novos contratos.

Desde o início da operação, a Baduk emprestou mais de R$ 70 mil em cerca de 200 operações. O tíquete médio gira em torno de R$ 300, mas a fintech faz empréstimos a partir de R$ 200 até R$ 2 mil, com prazo de até 30 dias. É o chamado microcrédito produtivo, em que o pequeno empreendedor usa o recurso emprestado para capital de giro e investimento no negócio.

“Cobramos taxa fixa de R$ 50 para os empréstimos. Conforme o cliente vai se mostrando bom pagador, a taxa vai caindo. Cria um histórico de crédito para os clientes.”

Para ampliar o alcance e atingir mais clientes pelo Brasil, a fintech vem firmando parcerias que geram leads. Hoje, são quatro acordos já fechados com empresas que facilitam abertura de MEIs e instituições que não atuam com empréstimos para esse público. Outras duas parcerias estão em negociação, conta Szapiro. A startup chegou a firmar uma parceria com a fintech de crédito P2P IOUU, mas o acordo foi descontinuado. Segundo o empreendedor, a parceria foi bem-sucedida e ajudou a dar o primeiro empurrão na operação.

Para este ano, a Baduk prevê captar uma rodada pre-seed de R$ 1 milhão, que seria suficiente para suportar a operação por 18 meses, diz Szapiro. Ele diz que começou a negociar com investidores-anjos e fundos. “Vamos captar para dar a estrutura que precisamos para conseguir fazer os empréstimos.”

O mercado no qual a fintech mira é explorado por diversas startups, mas principalmente para contas digitais e serviços de contabilidade online. Produtos, inclusive, que a Baduk tem oferecido aos clientes em parceria com outras empresas, entre elas, Qipu (contabilidade online) e Conta Simples (conta digital). Recentemente, a fintech incluiu seguro de vida a partir de R$ 30, em parceria com a corretora digital Mutuus, além de plano odontológico e seguro de acidentes pessoais, fruto de acordo com a Equipe Corretora de Seguros.

No filão de crédito para MEIs, a Baduk enfrenta uma concorrência grande, porque o microemprendedor individual, apesar de ser uma figura jurídica, se confunde com a pessoa física. São competidores, então, as plataformas que emprestam recursos de baixo valor para PF, como SuperSim, Jeitto e mGrana. Mas sabemos bem que um player forte no segmento de MEi é a Neon, que tem ampliado a oferta de produtos e serviços financeiros para esse público. É uma estratégia importante da fintech criada por Pedro Conrade, como o empreendedor contou à Finsiders em setembro de 2020.

Hoje, o principal gargalo da empresa é não disponibilizar todo o processo de contratação do crédito 100% online. A assinatura da CCB, por exemplo, ainda não é feita de maneira digital. “Estamos trabalhando para integrar CCB dentro da plataforma”, conta o empreendedor. Quem solicita empréstimo no site consegue receber o dinheiro normalmente em um ou dois dias úteis, dependendo do envio da documentação corretamente.

A Baduk nasceu dentro de uma disciplina eletiva do curso de administração da Fundação Getulio Vargas (FGV). Em julho de 2019, Szapiro e seu amigo Matheus Zimmermann Angerami fizeram o MVP e o negócio foi acelerado pela GVentures, aceleradora da instituição de ensino. Ainda naquele ano, a startup recebeu um aporte de R$ 200 mil da WOW Aceleradora, no primeiro cheque recebido pelos dois jovens empreendedores. Em 2019, Guilherme Batista, estudante de engenharia da computação, assumiu como CTO.