SuperSim quer crescer quatro vezes e planeja novo aporte

Leia as edições anteriores da Finsiders

Como falamos na última edição da Finsiders, a SuperSim, fintech de microcrédito online com foco nas classes C e D, levantou R$ 30 milhões em uma operação de securitização, via debênture, para financiar o crescimento da sua carteira de empréstimos.

Neste ano, de abril a junho, o volume de empréstimos liberados quadruplicou — a startup não revela o tamanho da carteira. O objetivo é terminar 2020 com milhares de empréstimos e crescimento na casa de quatro ou cinco vezes.

Desde o início da operação, em 2019, a SuperSim originou mais de 10 mil empréstimos, sendo 80% em 2020, dizem os fundadores, o canadense Daniel Shteyn e o brasileiro Antonio Brito, em entrevista à Finsiders. Hoje, a fintech opera como correspondente bancário da Socinal, mas não descarta montar uma SCD no futuro.

Leia os principais destaques da entrevista:

Busca por empréstimo

Segundo os empreendedores, a demanda por crédito aumentou durante a pandemia, mas esse crescimento também se traduziu em um volume maior de propostas e melhor qualidade de clientes. Apesar da expansão da carteira, houve redução da inadimplência.

“Óbvio que tivemos de ser conservador, em função da incerteza. Mas nos mantivemos fiéis ao nosso propósito, que é resgatar a pessoa que está fora do sistema financeiro. Mas isso deve ser feito com produto mais customizado para necessidades e capacidades de cada pessoa.”

Crédito em até 30 minutos

Os clientes acessam o crédito da SuperSim, com tíquetes entre R$ 500 e R$ 2.500, para consumo imediato. É aquele recurso rápido para resolver algum pepino ou pagar contas do dia a dia, enquanto o salário não cai.

Rômulo Coutinho (CTO), Daniel Shteyn (presidente e chairman) e Antonio Brito (CEO), fundadores da SuperSim (Crédito: Divulgação)
Rômulo Coutinho (CTO), Daniel Shteyn (presidente e chairman) e Antonio Brito (CEO), fundadores da SuperSim (Crédito: Divulgação)

A fintech garante o dinheiro na conta do usuário em até 30 minutos após aprovação do crédito, em dias úteis. Caso a pessoa não receba nesse prazo, os juros não são cobrados.

Neste ano, a empresa lançou uma linha de crédito com garantia do celular do cliente — uma forma de controlar o risco de inadimplência — , em parceria com a americana PayJoy.

“Com a garantia do celular, não estamos focando em minimizar a taxa de inadimplência, e sim mantê-la em um nível adequado. E também maximizar nossa taxa de aceitação, para trazer clientes com risco maior.”

A liberação dos empréstimos começa com tíquetes menores, de R$ 500, para novos tomadores. Conforme constrói um bom histórico na plataforma, o cliente pode ter melhores condições. Tudo isso com base em inteligência artificial e consulta a oito diferentes bases de dados, além de perguntas que a plataforma faz confrontar os dados informados pelo usuário.

Novos produtos

A fintech planeja ampliar a oferta de produtos e serviços financeiros para as classes C e D em sua plataforma. Entre três e cinco parcerias estão em fase de piloto e há outras conversas em andamento para firmar novos acordos, dizem os empreendedores.

Com isso, a SuperSim poderia fornecer sua expertise em atender o público de baixa renda para outras startups e empresas que queiram vender para esse nicho. “A gente enxerga muita complementaridade com algumas empresas que têm base de clientes com um grande fit sociodemográfico”, contam, sem abrir nomes de parceiros.

Funding

Perto de atingir o breakeven, a fintech prevê uma nova operação de securitização, em 18 a 24 meses. Até o fim do ano, também espera captar uma Série A. “Vamos precisar de mais equity para permitir esse crescimento mais rápido”, dizem.

Entre os investidores do negócio estão Al Goldstein, fundador da Enova e da Avant, o advogado Bruno Balduccini, do escritório Pinheiro Neto, e o Distrito Ventures.

Fintechs de crédito

O avanço das fintechs de crédito nos últimos anos ainda é pequeno para incomodar os bancos, por exemplo. O crédito online no Brasil tem uma penetração baixa, em torno de 2%, citam os empreendedores. Nos EUA, essa fatia representa 30%.

“Aos poucos, o consumidor brasileiro vai entendendo que existe a alternativa de tomar crédito online. A chegada da crise foi um grande acelerador dessa mudança. No final da conta, acelerou uma mudança que já estava em curso.”