Nomad corta 20% da equipe, quase três meses após aporte

A Nomad, fintech que permite aos brasileiros a abertura de conta corrente e investimentos de forma digital nos EUA, acaba de cortar cerca de 20% do seu quadro de funcionários, o que representaria mais de 50 pessoas. O motivo? Crise financeira global.

O enxugamento do time ocorre três meses depois que a Nomad anunciou um aporte de US$ 32 milhões (cerca de R$ 160 milhões, no câmbio da época). Na captação, a empresa foi avaliada em mais de R$ 1 bilhão.

Na ocasião, a fintech disse que parte do recurso seria destinado para a expansão da operação e o aumento da equipe, que na época somava aproximadamente 250 funcionários.

Segundo apurou o Finsiders, as demissões atingem diversas áreas, como operações, desenvolvimento, design, produtos, experiência do cliente (CX), entre outras.

De acordo com uma ex-funcionária, que preferiu não se identificar, os desligamentos foram anunciados ontem (3) pelo CEO, Lucas Vargas, em uma reunião por meio de Google Meet, com participação de todos os colaboradores.

“Foi tudo muito rápido. Recebemos um comunicado na terça-feira quase no fim do expediente, de que teríamos uma reunião na quarta-feira pela manhã, com presença obrigatória de todos os colaboradores. Nessa call, o CEO da empresa falou um pouco sobre a crise mundial, e que a Nomad foi afetada, sendo necessário cortar 20% do quadro dos funcionários”, contou outro ex-colaborador, ao Finsiders.

Em comunicado oficial, a Nomad não fala em quantidade ou percentual de demitidos, mas pelo menos três ex-colaboradores confirmaram ao Finsiders que os desligamentos atingiram 20% do quadro.

“A readequação do quadro garante a alta performance da empresa nos próximos anos, além da disponibilidade de caixa para endereçar as novas oportunidades vislumbradas para os próximos meses com maior intensidade”, diz a empresa, no texto enviado ao Finsiders. Leia ao final da matéria a íntegra do comunicado.

A fintech cita, ainda, que espera aumentar em 10x o faturamento neste ano, comparado com 2021 — a plataforma é nova, foi lançada em 2020.

Uma ex-funcionária contou que a empresa foi “muito sensível” em relação às demissões. Segundo ela, o cartão de benefícios flexíveis Flash teve um crédito de dois meses e o plano de saúde foi estendido até o fim de outubro.

No texto assinado pelo CEO, Lucas Vargas, a Nomad informa que fornecerá um pacote com diversos auxílios, como extensão do plano de saúde, consultoria para recolocação no mercado, além de gratificação adicional para colaboradores que ocupam posições mais juniores pensando no suporte financeiro para os próximos meses.

O crescimento da equipe da Nomad foi acelerado do ano passado para cá. Para se ter uma ideia, em julho de 2021 — quando recebeu a Série A de US$ 20 milhões –, a Nomad tinha cerca de 75 profissionais e planos de dobrar o número até o fim do ano. Cerca de três meses atrás, somava aproximadamente 250 pessoas.

Os desligamentos também estão causando polêmica porque a fintech anunciou no fim de julho que abrirá uma sala VIP no aerporto de Guarulhos, com previsão de inauguração em novembro.

Crise

A Nomad se junta a uma lista de fintechs como Provi, Ebanx, Quanto, Bitso e SumUp, que anunciaram desligamentos em massa nos últimos meses, atribuindo os cortes à deterioração do cenário macroeconômico com inflação e juros altos.

A Hash, que oferece soluções de banking as a service (BaaS) e estava na lista das 250 fintechs mais promissoras do mundo conforme a CB Insights, também fez demissões. No último corte, cerca de 58 pessoas foram desligadas, de acordo com reportagem da coluna Capital, d’O Globo.

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Comunicado oficial da Nomad

Para seguir investindo no aprimoramento constante da sua plataforma global de serviços financeiros, a Nomad irá direcionar sua energia operacional para as oportunidades que se apresentam no momento presente da empresa, acelerando o desenvolvimento de produtos e serviços, e o crescimento de sua base de usuários brasileiros.

A readequação do quadro garante a alta performance da empresa nos próximos anos, além da disponibilidade de caixa para endereçar as novas oportunidades vislumbradas para os próximos meses com maior intensidade. A empresa, que lançou sua plataforma em 2020, espera que seu faturamento em 2022 ultrapasse em 10 vezes o montante alcançado em 2021, comprovando o compromisso com a solidez de negócio da marca.

A fim de promover uma transição com o suporte adequado para a recolocação das pessoas envolvidas nesse processo, a Nomad fornecerá um pacote com uma série de auxílios, como extensão do plano de saúde, consultoria para recolocação no mercado, além de gratificação adicional para colaboradores que ocupam posições mais juniores pensando no suporte financeiro para os próximos meses.

Lucas Vargas, CEO da Nomad.

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