Grafeno supera R$ 100 bi em transações, reforça C-level e mira novos mercados

Nos últimos meses, a Grafeno recrutou Rodrigo Castro (ex-Zoop) como novo COO e Ana Luiza Pereira Fernandes assumiu o posto de CMO

No primeiro semestre deste ano, a Grafeno — fintech de infraestrutura para o mercado de crédito — fez uma transição no alto escalão, colocando Felipe Moreno (ex-Voiter, Itaú BBA e Citi) como CEO no lugar do cofundador Paulo David, que deixou o dia a dia do negócio, mas segue no conselho, assim como o também cofundador João Pirola — a dupla, inclusive, já está empreendendo de novo com a recém-criada AmFi.

Criada pela gestora Galapagos Capital, a Grafeno tem ainda como fundadores e investidores Álvaro Augusto de Freitas Vidigal — o ‘Guti’, CEO da Singulare Invest (antiga Socopa) — e Daniel Doll Lemos, diretor da Singulare. Sem grandes rodadas de captação, a empresa atingiu o ‘breakeven’ no ano passado e superou todas as expectativas nos seis primeiros meses de 2022.

“Já temos um patamar de negócio de grande empresa. Agora precisamos trazer crescimento sustentável, com qualidade de gestão e governança, para continuar inovando”, diz o CEO, Felipe Moreno, em entrevista ao Finsiders, citando que a companhia transacionou R$ 75 bilhões de janeiro a junho deste ano — em 2021 como um todo, o volume foi de R$ 50 bilhões. O executivo não fala em projeção até o fim do ano, mas dá uma pista: “Já ultrapassamos R$ 100 bilhões neste mês.”

Fundada em 2019, a Grafeno desenvolveu uma plataforma de soluções financeiras para empresas e credores, como outras fintechs, factorings, FIDCs e securitizadoras. Hoje, a base reúne mais de 420 clientes, entre eles, Grupo Sifra, Valorem, Fundo Raízes, iClinic, a55 e Teddy Open Finance. No total, são 4,2 mil contas ativas na plataforma, incluindo credores e companhias em busca de crédito. “Estamos crescendo em todas as dimensões”, declara Felipe.

Na contramão da maioria das startups e fintechs do país, a equipe da Grafeno vem sendo ampliada. “Começamos o ano com 120 pessoas, em julho atingimos 165, e a maior parte está em tecnologia”, conta Felipe. Além da chegada do executivo, a empresa trouxe nos últimos meses Rodrigo Castro (ex-Zoop) como Chief Operating Officer (COO) e Ana Luiza Pereira Fernandes (ex-Voiter, Itaú BBA e BV) para o posto de Chief Marketing Officer (CMO).

De acordo com Felipe, que assumiu como CEO em abril, a estratégia neste ano inclui aumentar o uso da plataforma entre os clientes atuais, assim como avançar em novos mercados. “Temos outras duas estratégias, que estamos acelerando ou fazendo algum investimento”, diz. Uma delas envolve uma solução de inteligência de gestão de portfólio de crédito. A outra é um aporte em uma startup de finanças descentralizadas (DeFi, na sigla em inglês). Ele não abre mais detalhes ou nomes das iniciativas.

Felipe Moreno, CEO da Grafeno (Foto: Divulgação/Grafeno)
Felipe Moreno, CEO da Grafeno (Foto: Divulgação/Grafeno)

Do ano passado para cá, a fintech também vem avançando em uma solução white-label, com foco em ecossistemas e cadeias de valor, como redes de franquias, e-commerces e marketplaces. São cerca de 40 clientes já nessa linha de negócios. “Com o Grafeno Premium, já abrimos quatro segmentos diferentes, incluindo empresas de BPO, escritórios de contabilidade e marketplaces. Estamos com olhar de ‘sniper’ para novos mercados.”

A ideia da solução premium é oferecer um trabalho consultivo na montagem das operações de crédito, diz o executivo. “O ‘core’ da grande empresa é vender produtos e serviços, e o do credor é dar crédito. Nós orquestramos toda a parte de ‘trust’ do crédito. Somos uma techfin de serviços transacionais vinculados ao crédito, e servimos múltiplos motores. Somos agnósticos.”

Por meio de sua holding, a Grafeno possui ainda a SPC Grafeno, uma registradora de duplicatas e títulos de crédito, em uma joint-venture com o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil). O pedido junto ao Banco Central (BC) foi feito no fim de 2019, e a companhia aguarda a aprovação do regulador para começar a operar. “Estamos na fase de homologação do software”, diz Felipe.

Competição

A Grafeno não é a única a oferecer soluções de infraestrutura bancária para o mercado de crédito. A BMP — que agora se posiciona como “banco das fintechs” — transacionou R$ 30 bilhões em 2021 e a projeção é superar R$ 100 bilhões neste ano. Já a QI Tech quer se colocar no mercado como uma espécie de ‘AWS para operações de crédito’. Quem também ingressou recentemente em crédito foram FitBank (que comprou a EasyCrédito) e Celcoin (adquiriu a Flow Finance).

“Nossa vocação não é ser banco digital ou oferecer banking as a service (BaaS). Somos um orquestrador de serviços transacionais de empresas, com foco em crédito, em uma plataforma descentralizada e independente”, argumenta o CEO da Grafeno.

Leia também:

Como o CaaS tem mudado o mercado de crédito no Brasil

Na AmFi, a infraestrutura de crédito em blockchain para fintechs

Stark Bank entra na briga da infraestrutura de serviços financeiros

Em cinco anos, Open Banking pode injetar R$ 94 bi em crédito PF no Brasil