Noh evolui e agora permite divisão de pagamentos em até 10 pessoas

Em três meses após o lançamento do cartão, a Noh já processou R$ 1,7 milhão em transações, revela a CEO Ana Zucato ao Finsiders

Na última sexta-feira, despretensiosamente, a fintech Noh publicou no TikTok um vídeo contando sobre o teste da nova funcionalidade, que permite a divisão de gastos em até 10 pessoas ao mesmo tempo. O post viralizou. “Tivemos mais de 1,2 milhão de visualizações no fim de semana. Até hoje, mais de 1,5 mil comentários e 2 mil compartilhamentos. E nós tínhamos zero seguidores, e agora já passamos de 9 mil”, conta a CEO e cofundadora, Ana Zucato.

Depois de “causar” na rede social, a fintech — que automatiza a divisão e o pagamento de contas — agora vai acabar com a ansiedade de seus usuários e também dos seguidores. A partir de hoje (25), a carteira digital desenvolvida pela empresa passa a permitir a criação de grupos (os ‘nohs’) com até 10 pessoas cada um — até então, cada dupla podia criar apenas um grupo.

“Estamos lançando o ‘Nohzão’, que poderá ter até 10 pessoas. E a pessoa vai poder fazer quantos grupos quiser no aplicativo”, diz Ana, em entrevista ao Finsiders. Com as novas funcionalidades, a fintech mira diversos públicos e momentos coletivos, como reuniões familiares, o happy hour com os amigos ou da firma, a viagem de fim de ano, o churras do fim de semana. “Estamos com boa expectativa para a Copa do Mundo também.”

As funcionalidades já estão liberadas para novos usuários do aplicativo, que pode ser baixado nas lojas do Google e da Apple. Para os usuários atuais, é necessário atualizar a versão do app.

As features que acabam de ser lançadas podem colocar a fintech em um novo patamar, em sua estratégia para se tornar o principal meio de pagamento dos brasileiros. Hoje, a lista de espera tem mais de 3 mil pessoas. A empreendedora não revela o tamanho da base de usuários, mas diz que a meta é chegar a 30 mil até o fim do ano.

Em menos de dois meses após o lançamento do cartão pré-pago bandeira Visa, a fintech já processou R$ 1,7 milhão em transações, revela a fundadora ao Finsiders. Este ritmo deve se acelerar com a entrada das novas funcionalidades. “Qualitativamente, queremos que o Noh vire algo que todo brasileiro faça, assim como o Pix foi.”

‘Boca a boca’

No ar para o público em geral desde abril, a Noh permite pagamentos por meio de boleto, transferências via Pix ou pelo cartão pré-pago com bandeira Visa, esse último lançado no fim de maio — o número de cartões emitidos até hoje também não é divulgado. A fintech não cobra tarifas pelas operações realizadas no app. A remuneração vem da taxa de intercâmbio dos estabelecimentos, a cada transação.

Para rodar a solução, a Noh utiliza a Dock – empresa de tecnologia para meios de pagamento e digital banking – como provedora de infraestrutura de pagamentos e conta digital.

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Para crescer, a fintech aposta no poder da rede, o bom e velho “boca a boca”, além de algumas parcerias com influenciadores digitais. Mas nada de estratégia de marketing “mirabolante”, diz Ana. “Queremos ver a capacidade de o ser humano convidar um ao outro”, afirma. “Vamos ter programa de recompensas para quem indicar mais”, revela, sem abrir detalhes sobre a iniciativa que deve ajudar na aquisição de novos usuários.

A equipe da Noh também é enxuta para os padrões de startup: hoje 17 pessoas fazem parte do time. Ana brinca que a fintech criou uma variação do MVP com o “menor time possível” para colocar o produto no ar. “Minha visão não é só quanto gastamos ou quantas pessoas temos, mas sobre ter ritmo e cadência, e a cada duas semanas até ter novas versões do aplicativo. E não é só correção de bugs, é novidade relevante, sempre colocando o usuário no centro.”

Octávio Turra, Ana Zucato e Felipe Cabral, fundadores da Noh (Foto: Tiago Queiroz/Divulgação)
Octávio Turra, Ana Zucato e Felipe Cabral, fundadores da Noh (Foto: Tiago Queiroz/Divulgação)

Segundo Ana, a empresa está capitalizada neste momento. Em outubro do ano passado, a Noh levantou um seed money de US$ 3 milhões (cerca de R$ 17 milhões, no câmbio da época), em uma rodada liderada pelo Kindred Ventures, fundo de Kanyi Maqubela e Steve Jang, que já investiu em empresas como Uber e Coinbase. Participaram da captação, ainda, Future Positive, The Twenty Minute VC e Propel Venture Partners (do BBVA), além de fundadores de startups e fintechs como anjos.

“Não precisamos de dinheiro no curto prazo, e já temos margens positivas, porque o produto está muito bom, e o usuário fica mais com a gente. Temos uma cultura de fazer muito com pouco, colocar o usuário no centro para não errar ou errar com sabedoria. E ser eficiente com o dinheiro”, ressalta a fundadora, que está em sua primeira jornada empreendedora depois de passar pelas fintechs Guiabolso, Truora e Intuit.

Outros players

No mundo, diversas empresas vêm desenvolvendo soluções para resolver a dor das contas e dos pagamentos compartilhados, entre elas, as norte-americanas Braid e Ivella, a mexicana MoneyPool e a francesa Lydia.

No Brasil, além da Noh, a também novata Cumbuca lançou sua plataforma oficialmente em janeiro e espera chegar a cerca de 25 mil famílias neste ano, com foco especialmente em classes mais baixas.

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