Opinião

A evolução dos métodos alternativos de pagamentos na América Latina - Juan Pablo Ortega/Yuno

Juan Pablo Ortega*

A América Latina está cada vez mais alcançando o seu espaço no mercado de negócios mundial. E um setor vem ganhando peso: o de métodos alternativos de pagamentos (APM).

De acordo com o FIS Global Payment Report 2023, entre 2019 e 2022 houve um aumento significativo no uso desses métodos na América Latina. As carteiras digitais foram as que mais cresceram, com uma utilização 7% maior. Em segundo lugar está o cartão de débito, com 6%, seguido das transferências bancárias (4%) e BNPL (1%). Se formos comparar com o resto do mundo, o continente representa 39% no uso dos APMs, sendo que o Brasil está na terceira posição, atrás apenas da Colômbia e de El Salvador.

Existem vários motivos para que essa utilização tenha aumentado. Além desses métodos serem mais fáceis de serem utilizados, já que o PIX, por exemplo, permite um pagamento rápido e sem a necessidade de se inserir diversos dados de um cartão, eles garantem mais conveniência, segurança e confiança para o usuário, que tem controle total durante toda a operação e corre menos riscos de ter seus dados vazados. Com toda essa tecnologia, comprar algo está a um clique de distância, sem a necessidade de preencher infinitos formulários com todos os dados e ainda assim correr o risco de ter a compra recusada.

Além disso, há um fenômeno interessante que deve ser considerado. O levantamento Beyond Borders 2022/2023 mostra que existe um gap muito grande entre pessoas que têm cartões de crédito e aquelas que possuem conta no banco na América Latina. Podemos pegar como exemplo o Brasil. Enquanto quase 90% da população tem conta bancária, somente 40% possui um cartão de crédito. Já no Chile, é ainda maior a diferença, sendo cerca de 90% com contas no banco e somente 20% com o cartão para compras. Isso, por si só, é um fator excludente que vinha evitando que muitas pessoas utilizassem o e-commerce, pois não havia opções de pagamentos para elas, algo que está mudando.

Por esse motivo, devemos incentivar e reforçar a importância dos métodos alternativos de pagamento. Eles são responsáveis por agregar as pessoas, atingindo principalmente aqueles que não têm acesso a produtos como cartões de crédito e contas bancárias. Com isso, as empresas de e-commerce vão enxergar o aumento de sua base de clientes, além de ter mais conversão de vendas e operar com um alcance cada vez maior. 

Além disso, a experiência do usuário na plataforma também é aprimorada, já que ele se sente prestigiado em finalmente enxergar ali um método para compras. Os APMs também geram menos custos do que transações tradicionais, já que o PIX mesmo não cobra taxa nenhuma pelo seu uso, sendo benéfico tanto para o usuário, que não paga uma tarifa de DOC, quanto para o comerciante, que não esbarra nos custos cobrados pelas operadoras de cartão e bancos.

Em se tratando de quem disponibiliza a solução, no caso os comerciantes, os métodos alternativos de pagamento garantem mais transparência nas operações. A grande maioria deles opera com os melhores antifraudes do mercado, o que evita golpes e prejuízos financeiros, já que qualquer pessoa em posse de um cartão de crédito roubado pode fazer uma compra e depois sobra para a empresa de e-commerce lidar com possíveis prejuízos. Um outro ponto importante é que há uma conversão de vendas maior em compras feitas por APMs do que por métodos tradicionais como cartão de crédito e débito justamente pela facilidade em utilizá-los. Dessa maneira, o comerciante atinge uma nova e recorrente base de consumidores, o que faz bem para a saúde financeira de seu negócio.

Mesmo sendo vantajoso, o ecossistema dos APMs ainda está tomando corpo em solo nacional. Isso porque as companhias ainda se esbarram em muitas questões delicadas como dificuldades por conta de burocracias internacionais e a complexidade de se integrar método por método. Contudo, já existem soluções de mercado capazes de integrá-los em uma só plataforma, poupando tempo e recursos dos players de e-commerce que podem analisar as informações em apenas um clique.

Dessa maneira, podemos concluir que por mais que a América Latina esteja caminhando positivamente no mercado de métodos alternativos de pagamento, ainda há uma longa estrada a se percorrer. Isso porque os métodos tradicionais ainda imperam e são mais conhecidos pelo público, como o cartão de crédito, que é o mais usado na Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, México e Peru. Porém, conforme os players forem dando mais opções a seus consumidores e se abrindo para as novidades que o mercado oferece, o cenário tende a mudar e todos podem sair ganhando.

*Cofundador da Yuno