Pix Automático deve impulsionar transações com empresas, diz BC

O desenvolvimento do Pix Automático é a prioridade do Banco Central (BC) para 2023, disse Carlos Eduardo Brandt no Payment View

O desenvolvimento do Pix Automático é a prioridade do Banco Central (BC) para 2023 na agenda evolutiva do sistema de pagamentos instantâneos, informou Carlos Eduardo Brandt, chefe da Gerência de Gestão e Operação do Pix, em palestra nesta quarta-feira (14) no Payment View, evento que debate o impacto das novas tecnologias no setor e teve apoio do Finsiders.

Segundo ele, a expectativa é apresentar a modalidade com maiores detalhes na próxima reunião plenária do Fórum Pix, que será realizada na semana que vem. Ainda não há uma data oficial para o lançamento do novo produto.

Conforme explicou o executivo do BC, com o Pix Automático, a ideia é que os consumidores possam programar pagamentos de serviços periódicos, como academia, escola, condomínio e contas de água, luz e celular, por exemplo. Então, na data do pagamento, a pessoa é notificada assim que a transação for realizada.

“Tem muitas empresas que precisam de pagamentos recorrentes. Hoje, têm algumas opções, mas ainda há uma necessidade muito grande de um produto como esse”, afirmou Carlos.

Ele destacou, também, o crescimento acelerado do meio instantâneo de pagamentos lançado em novembro de 2020. Atualmente, o Pix tem 153 milhões de usuários, sendo 140 milhões de pessoas físicas e outras 13 milhões de pessoas jurídicas. Em pouco tempo, superou rapidamente meios como cartão de crédito, débito e boleto.

Esse movimento contribuiu para incluir uma grande massa de usuários no Sistema Financeiro Nacional (SFN). “Hoje, são mais de 140 milhões de pessoas sendo usuárias do Pix. E, dessas, 71,5 milhões foram incluídas no Sistema Financeiro Nacional. De alguma forma, elas tinham uma conta, mas não eram usuárias”, disse.

Oportunidades para empresas

Carlos Brandt destacou, ainda, o ganho para as empresas. Em números, o Pix gerou uma economia de US$ 5,7 bilhões de dólares para companhias e consumidores em 2021, ano seguinte ao seu lançamento. Do total, US$ 5,5 bilhões foram revertidos para a produção econômica, ou cerca de 0,34% do PIB nacional.

No longo prazo, os efeitos devem ser ainda mais positivos. A estimativa do órgão responsável pelo sistema financeiro é que o meio instantâneo possa gerar uma economia de US$ 37,9 bilhões, com US$ 37,6 bilhões introduzidos na economia até 2026, o que expõe os benefícios do modelo.

“A gente considera que o Pix pode atender a qualquer um, não importa se forem pequenos ou grandes negócios, e-commerces ou lojas físicas. É para ser uma alternativa efetiva para quem quiser usar um pagamento eletrônico, para qualquer necessidade”, afirma ele.

Neste sentido, o Banco Central ainda acredita que a ferramenta tem bastante espaço para avançar em alguns nichos. Um deles são as transações P2B (de pessoas para empresas). As operações dessa natureza, que eram 5% no início do Pix, atualmente somam quase 30% de todas as movimentações do sistema, seja em comércios físicos ou e-commerces.

“Sem contar as transações do comércio informal, o que elevaria isso para acima de 50%”, afirmou. “Isso é importante porque muito da nossa agenda evolutiva tem como objetivo potencializar os casos de uso no P2B. É um nível de uma quantidade de transações de atingir um potencial quase pleno”, completou.

Segurança e Pix Internacional

No processo de evolução do sistema, outro nicho chave para o BC é segurança e o combate às fraudes. Neste aspecto, a ideia é incrementar novas melhorias no mecanismo especial de devolução.

Entre as alternativas, está uma que propõe que as instituições tenham autorização para fazer a devolução de valores quando detectada a fraude em mais contas, para além da primeira conta na qual o dinheiro foi enviado.

Além disso, o corpo técnico do BC está trabalhando para tirar do papel o Pix Internacional. Neste caso, existem duas abordagens possíveis: a bilateral, em que o Pix se conecta a um sistema de outro país, e a multilateral, com conexões de vários países de forma simultânea.

“[A bilateral] nos parece mais factível porque exige a conexão com uma outra contraparte”, disse. “E também há um modelo multilateral, que se conecta com todo mundo. Nós desenhamos o Pix para isso e vemos iniciativas assim no Chile e na Europa.”

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