Após consignado privado, Capital Consig agora mira programas sociais

Crédito, pagamentos
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Consignado é pop? Se depender das “payroll fintechs”, que ganham cada vez mais força no Brasil, a tendência é que esse mercado ganhe cada vez mais adeptos. Entre eles, está a Capital Consig, fintech de crédito consignado para o setor público que, a partir de agora, vai expandir a sua atuação para o privado, tudo de forma 100% digital e conforme as necessidades do cliente. Para esse projeto, a empresa tem em caixa um funding de R$ 100 milhões nas mãos.

“O universo é maior no privado, falta oferta de crédito para este cliente”, diz Sven Kuhn, fundador da empresa em entrevista ao Finsiders.

E não para por aí. A Capital também está mirando os usuários do novo Bolsa Família — batizado de Auxílio Brasil. A proposta de renovação do programa social, enviada ao Congresso, permitirá que os assistidos comprometam até 30% do valor do benefício com crédito consignado. A novidade foi anunciada com exclusividade ao Finsiders por Kuhn.

Dentro de casa, o piloto dessa solução segue a todo o vapor. “Estamos bem animados. A ideia é criar um acesso ao crédito à beneficiário, que às vezes nem é bancarizado”, adianta o founder. A expansão também envolve o quadro de colaboradores, que deve triplicar nos próximos meses e chegar a 300.

Modelo de negócio

Os primeiros passos para a criação da empresa começaram em 2014, quando Roberto Arduini, hoje sócio do negócio, fundou sua própria empresa de crédito consignado depois de ter atuado como correspondente bancário. Três anos depois, por meio da Emerald Capital (empresa de crédito estruturado de Kuhn), os dois se uniram e estruturaram um FIDC.

Em 2019, deram início à estruturação para ser uma SCD (Sociedade de Crédito Direto), autorização formalizada pelo Banco Central (BC) à companhia no ano passado. A operação começou meses depois, já em 2021. Hoje, além dos R$ 100 milhões já citados, a Capital Consig acumula R$ 120 milhões em volume disponível para empréstimos, captado por meio de FIDC e debêntures.

Com aposta na verticalização, a ideia é que todo o processo, desde a contratação até a liquidação financeira, seja rápido e transparente para com o cliente, que é bastante pulverizado, segundo o fundador. “A gente tem um robô de crédito que faz a análise da empresa e do tomador, que cruza as informações. Mas eles são muito diversificados. Não há um nicho específico”.

Ao todo, a média de crédito concedido é de R$ 12 milhões só na SCD, sem contar a originação. A meta é emprestar entre R$ 250 milhões e R$ 300 milhões nos próximos 12 meses. Para o primeiro trimestre de 2022, a expectativa é chegar a quase 20 mil clientes.

Kuhn observa que a área de crédito teve uma grande adesão durante a pandemia, tanto público quanto privada. Segundo ele, o fator digitalização também ajudou a acelerar esse processo, além de uma abertura maior das pessoas, ainda que tímida.

“Temos a necessidade de fazer as pessoas se educarem financeiramente. O brasileiro ainda não tem educação financeira para entender que cheque especial e cartão de crédito são fontes de renda”, diz.

E os concorrentes?

A tese do consignado privado vem atraindo nomes como a Paketá Crédito, que recentemente, conforme você viu com exclusividade aqui no Finsiders, anunciou que está reforçando seu alto escalão, num momento em que o negócio cresce de maneira acelerada. Disputam uma fatia desse bolo outros players, como Facio, Creditas, Leve e Zetra, por exemplo.

A Zipdin, que recebeu licença de SCD em 2020, começou com uma operação de bank as a service e vem evoluindo num portfólio de serviços de crédito, entre elas, uma solução de consignado ‘as a service’, conforme contou recentemente ao Finsiders o founder Francisco Carvalho, ex-executivo da financeira carioca Lecca.

“A gente origina, bancariza aqui dentro de casa. Algumas fintechs fazem isso também, mas todo o processo que nós temos é verticalizado. É dessa maneira que a gente quer atuar. Tem muito mais valor”, afirma Kuhn.