NICHO DE MERCADO

Iriom, banco digital para caminhoneiros, "engata a primeira" no crédito e estuda assistente no WhatsApp

Ligada ao Grupo Aldo, rede de postos de combustíveis de Cuiabá, fintech opera de forma independente, segundo CEO

Paulo Henrique Nascimento/Iriom
Paulo Henrique Nascimento/Iriom | Imagem: divulgação

Fundada em 2023 e com um novo CEO há cerca de um ano, a Iriom – de soluções financeiras para caminhoneiros – prevê acelerar os passos em 2025. A fintech, que já atende seis das dez maiores transportadoras especializadas no agronegócio e tem 15 mil caminhoneiros cadastrados, pretende avançar na concessão de crédito. A empresa também está testando a oferta de serviços não financeiros. Estuda, ainda, a criação de um assistente financeiro via WhatsApp que funcione principalmente a partir de mensagens por áudio, o que “conversa” mais com seu público.

“Somos mais do que uma conta digital, ela é apenas uma ‘isca’ [para atrair o público]. A ideia é ter produtos e serviços que facilitem o dia a dia dos caminhoneiros”, diz o CEO Paulo Henrique Nascimento. Segundo ele, o aplicativo da Iriom terá uma área chamada “Meu veículo”, para reunir dados sobre o caminhão, débitos e multas, entre outras informações. “Já começamos a testar esses novos recursos em parceria com a Zapay [fintech controlada pelo Sem Parar]. Por exemplo, seremos proativos para avisar os motoristas sobre multas que tenham recebido.”

A Iriom nasceu por iniciativa de sócios do Grupo Aldo, rede de postos de combustíveis fundada em 1966 em Cuiabá (MT). Apesar de ter o mesmo controlador, a fintech opera de maneira independente, com governança própria, diz Paulo. “A Iriom é auditada desde o D0”, diz ele, que assumiu como CEO no ano passado com a missão de escalar as operações. Antes, o executivo passou pela Celcoin e co-fundou a startup Cobre Fácil, que se uniu à Credoro em 2022.

Foco no crédito

Na frente de serviços financeiros, o crédito é o foco da Iriom para os próximos meses. “Estruturamos um departamento de crédito, contratamos um head para essa área”, conta. Segundo Paulo, para as transportadoras, a empresa já opera consignado privado e antecipação de recebíveis. “Implementamos o risco sacado há três meses e agora vamos colocar mais energia nisso”, diz o CEO. A fintech também planeja oferecer antecipação de recebíveis aos caminhoneiros.

Atualmente, a Iriom utiliza soluções de tecnologia e infraestrutura de parceiros, inclusive para as operações de crédito, apesar de ter uma licença de Sociedade de Crédito Direto (SCD), chamada E.SIGA, concedida há um ano pelo Banco Central (BC). Com o custo regulatório inerente à atividade de uma instituição autorizada, Paulo não descarta a venda dessa licença, dado o estágio atual do negócio.

A Iriom também está começando a testar soluções para melhorar a interação com os caminhoneiros. Um dos recursos, segundo Paulo, é um assistente financeiro que funcionaria por meio do WhatsApp. “A ideia não é ter um chatbot. Precisaria ser um assistente que entende e interpreta áudio, pois nosso público se comunica assim principalmente. Teria que ser muito simples e falar a língua dos caminhoneiros.”

Novos serviços

Para diversificar a atuação e conquistar mais a clientela, há cerca de um mês, a Iriom também lançou um pacote, que reúne diversos serviços. Batizado de “Guardião” e com planos que variam de R$ 29,90 a R$ 90 por mês, o “combo” inclui seguro de vida, assistência funeral, serviço de telemedicina e crédito emergencial.

“Caminhoneiro não costuma ter plano de saúde ou se preocupar com isso. E nas situações de emergência, por exemplo, o costuma pegar dinheiro emprestado em postos de combustíveis onde tem relacionamento. Tudo de maneira informal”, aponta Paulo.

Além disso, a Iriom vem trabalhando em melhorias no onboarding dos clientes. Hoje, o processo de abertura de conta ainda depende de muitas etapas, diz ele. “Estamos querendo reduzir para algo como duas telas.”

Mercado

De acordo com dados disponíveis no site da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), o Brasil somava uma frota de 2,6 milhões de veículos no transporte de cargas, ao final de 2024. A maior parte deles (1,7 milhão) é de empresas de transporte rodoviário de cargas (as ETCs), seguidas pelos transportadores autônomos de cargas (TACs), que são 872 mil. O restante é de cooperativas de transporte rodoviário de cargas (CTCs).

A Iriom não é a única de olho no potencial desse mercado. Um dos exemplos é o Urbano Bank, do Grupo H&P – que controla a empresa de transporte de encomendas Braspress. Outro é a novata ValeJá, especializada em antecipação de frete para caminhoneiros.