J.P Morgan compra 40% do C6 Bank e entra no varejo brasileiro

(Atualizada às 15h) O J.P. Morgan fechou um acordo para comprar 40% do banco digital C6 Bank. O investimento estratégico, sujeito a aprovações regulatórias, não teve os termos financeiros divulgados.

Segundo reportagem da Bloomberg, a depender da evolução dos negócios, o banco americano pode adquirir 100% do C6 no futuro. Com a operação, cerca de 40 investidores privados, que compraram títulos híbridos de equity e dívida da Carbon, controladora do C6, fazendo um aporte de R$ 1,3 bilhão em dezembro do ano passado.

A operação marca a entrada do J.P Morgan no varejo brasileiro. Por meio da Chase, o banco americano oferece uma plataforma de produtos bancários para consumidores nos Estados Unidos e já soma mais de 55 milhões de clientes ativos digitalmente.

Fundado por ex-sócios do BTG Pactual em 2019, o C6 vem crescendo sua base de forma acelerada e agregando novos produtos e serviços à plataforma digital. Só nos primeiros cinco meses do ano, o crescimento da base de usuários do banco foi de 79%. Com mais de 7 milhões de clientes, o banco digital oferece conta multimoeda, cartões de débito e crédito, programa de fidelidade, plataforma de investimento e crédito para pessoas físicas e jurídicas. Recentemente, anunciou ter chegado a todos os municípios brasileiros.

“Estamos felizes em fazer essa parceria com um dos bancos digitais que mais crescem no Brasil”, disse Sanoke Viswanathan, CEO de varejo internacional do J.P. Morgan Chase, em comunicado. “Admiramos a estratégia e a gestão do C6 Bank. Com uma plataforma impressionante de produtos e serviços, eles estão bem posicionados para manter a trajetória de crescimento e construir uma grande franquia. Vamos apoiar a aceleração do crescimento do banco em sua ambição de se tornar um líder em serviços financeiros no Brasil.”

“A parceria com o J.P. Morgan Chase, o maior banco do Hemisfério Ocidental e uma das marcas de banco mais prestigiosas do mundo, é um divisor de águas”, afirmou Marcelo Kalim, CEO e cofundador do C6 Bank, em comunicado. “Essa parceria estratégica nos permite ganhar ainda mais escala no nosso negócio e continuar oferecendo aos consumidores brasileiros os melhores produtos financeiros.”

O J.P. Morgan atuou como assessor financeiro exclusivo do J.P. Morgan Chase e o Credit Suisse atuou como assessor financeiro do C6 Bank.

Não é a primeira aposta feita pelo banco americano em fintechs brasileiras. Em julho do ano passado, o J.P Morgan fez um investimento estratégico no FitBank, provedora de infraestrutura de pagamentos, no primeiro aporte feito pelo banco americano em uma empresa de pagamentos na América Latina. O valor da operação não foi divulgado, mas o J.P. Morgan comprou uma fatia minoritária no negócio e tem uma cadeira no conselho de administração da startup.

Em março deste ano, a fintech levantou uma nova rodada de R$ 30 milhões, sendo R$ 10 milhões aportados pela CSU e o restante pelos atuais acionistas (além do J.P, o captable tem nomes como Marcelo Maisonnave, ex-XP e sócio-fundador da Warren, e Alejandro Vollbrechthausen, ex-CEO do Goldman Sachs no Brasil), numa captação que elevou o valuation para R$ 280 milhões.

Conforme os últimos dados financeiros divulgados, o C6 encerrou o primeiro semestre de 2020 com prejuízo líquido de R$ 124,4 milhões, contra perdas de R$ 88,5 milhões no mesmo período de 2019. O patrimônio líquido, por sua vez, foi de R$ 459,3 milhões nos seis primeiros meses de 2020, ante R$ 335,6 milhões registrados em igual intervalo do ano anterior.