O papel das fintechs e o mercado de BaaS

Os principais benefícios desse modelo são o 'go to market' mais rápido e a economia na construção da infraestrutura, escreve Fernando Nunes, CEO da Transfeera

As fintechs têm se destacado cada vez mais no mercado. De acordo com o Distrito Fintech Report, as fintechs brasileiras já receberam US$ 9,1 bilhões em investimentos. Dentre as muitas áreas em que as fintechs podem trabalhar, o chamado banking as a service (BaaS) vem crescendo e consiste na oferta de soluções bancárias para outras empresas.

Esse mercado tem crescido impulsionado pela demanda por serviços financeiros mais ágeis e modernos. As fintechs oferecem soluções inovadoras que permitem que outras empresas possam oferecer serviços financeiros aos seus clientes de forma mais eficiente e sem precisar necessariamente ser um banco.

Basicamente, um BaaS fornece uma variedade de APIs (Application Programming Interfaces). Elas são responsáveis por conectar uma empresa a diferentes serviços financeiros, permitindo que essas empresas, não necessariamente financeiras, atuem com oferta de contas, meios de pagamento no geral, Pix, boleto, cartão, crédito, seguros entre outras soluções. 

Novos modelos de negócios

Um exemplo prático é uma empresa que quer realizar empréstimos. Para isso, ela se conecta, por meio de API, a um BaaS. É ele quem faz todo o trabalho de processamento, gestão e regulatório, que seria a parte pesada do banking, enquanto a fintech assume as regras do motor de crédito e funding.

Os principais benefícios de um BaaS são o ‘go to market’ mais rápido, bem como a economia por não precisar focar na construção da infraestrutura. É uma oportunidade, então, para que as empresas expandam suas ofertas de serviços sem o peso financeiro e regulatório. 

Fernando Nunes, CEO e cofundador da Transfeera. Foto: Max Schwoelk
Fernando Nunes, CEO e cofundador da Transfeera. Foto: Max Schwoelk

Por exemplo, um marketplace que já possui uma base de ‘sellers’ e usuários pode se conectar a um BaaS para ofertar soluções financeiras para se aproximar ainda mais do seus sellers, aumentar seu nível de engajamento e ter mais visibilidade do seu seller precisa. Assim, passa a atuar dessa forma com uma visão mais abrangente, podendo começar a ofertar uma antecipação de recebíveis mais interessante, ou conectar uma oferta melhor de logística. Tudo isso porque o marketplace passou a ter mais visibilidade do seu parceiro, o ‘seller’.  

O ganho de escala para empresas que apostam em BaaS é inegável. A construção de grandes ecossistemas passa pelo financeiro. Portanto, estar conectado a um BaaS escalável, seguro e eficiente é primordial para evolução dos novos modelos de negócios.

É importante, ainda, que as empresas do setor estejam atentas às oportunidades e aos desafios do mercado. Isso significa buscar sempre oferecer soluções inovadoras e eficientes para seus clientes, como aquelas que mantenham a privacidade dos dados dos clientes e facilitem a integração de sistemas bancários com outros sistemas de empresas.

*Fernando Nunes é cofundador e CEO da fintech Transfeera.

As opiniões neste espaço refletem a visão de founders, especialistas e executivo(a)s de mercado. O Finsiders não se responsabiliza pelas informações apresentadas pelo(a) autor(a) do texto.

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