Até agora, preocupação com lavagem de dinheiro, idoneidade do cliente e seu eventual envolvimento em operações suspeitas não era uma obrigação legal, apenas uma preocupação ética (e de imagem) para fintechs e bancos digitais.
Mas o cenário mudou desde março, quando o Banco Central (BC) decidiu que algumas delas – as maiores e que oferecem diversos serviços – teriam que começar a cumprir as mesmas regras de KYC (sigla em inglês para “conheça seu cliente”) aplicadas aos bancos e outras instituições financeiras a partir de 2023, quando também passarão a ser autorizadas a operar com câmbio. A palavra “compliance” passou a fazer parte do vocabulário desse segmento também.
“Compliance é um tema inadiável, não apenas por questões legais, mas também por que se tornou uma exigência dos investidores”, destaca Renata Vaz Guimarães, country manager da empresa chilena Regcheq no Brasil. “ESG [sigla em inglês que inclui boas práticas ambientais, sociais e de governança] está ganhando cada vez mais relevância. Os investidores e a sociedade exigem que as empresas tenham um negócio limpo.”
“As fintechs não querem se preocupar com compliance e obrigações regulatórias. No meio do caminho, descobrem que é um mercado extremamente regulado. Ajudamos muito essas empresas de tecnologia porque somos fáceis de usar, cuidamos desse risco e com custo acessível”, explica Wendel Paz, Chief Sales and Marketing Officer (CSMO) da Regcheq.
A Regcheq desenvolveu uma plataforma 100% digital no modelo software as a service (SaaS), que automatiza, digitaliza e centraliza o fluxo de informações e gestão de todo o processo de KYC, para ajudar as empresas do setor financeiro a cumprir as obrigações regulatórias e mitigar os riscos de prevenção à lavagem de dinheiro e de financiamento ao terrorismo (PLD-FT).
“Muita gente ainda acha que o processo de compliance se limita ao onboarding. Sabemos que não: as informações colhidas na abertura de uma conta são fotografias, mas é preciso manter a gestão de risco durante todo o tempo em que o cliente continuar na instituição”, aponta Wendel.
Os executivos acreditam que, além de fintechs, as oportunidades são grandes também em mercados e segmentos como FIDCs, factorings, securitizadoras, asset management e real estate. A empresa acaba de chegar ao Brasil e já fechou contratos com quatro corretoras de câmbio, dizem os executivos. A meta é atingir 100 clientes por aqui até o fim do ano.
Gestão integrada
Em uma só plataforma, a Regcheq oferece a gestão integral de compliance regulatório, por meio de integração simples via APIs com os sistemas de gestão, e com planos e produtos adaptáveis às necessidades de cada empresa. Outro diferencial é que a solução da Regcheq determina o nível de risco PLD do cliente e busca coincidências com listas de pessoas politicamente expostas (PEPs) e sanções internacionais e mídia negativa em tempo real.
“Temos uma lista com mais de 1,2 mil pessoas politicamente expostas (PEPs), que inclui consanguíneos”, diz Renata. “Cruzamos toda a base de dados dos clientes finais uma vez por mês ou toda vez que tem uma transação nova, o que vier antes. Logo depois disso, fazemos manutenção constante da ficha desses clientes, por exemplo, para checar se o cliente foi incluído em alguma lista PEP, ou de sanção global, se cometeu algum crime financeiro ou se foi publicada alguma notícia negativa nas mídias nacionais ou internacionais. E mensalmente, entregamos um relatório para nossos clientes.”
Renata explica que todas as informações são protegidas, com “backup” permanente, e contam com protocolos de segurança máxima por meio de cloud AWS (Amazon Web Services). “A empresa nasceu em compliance com a GDPR [a lei europeia de proteção de dados pessoais], e aqui no Brasil já adequamos nosso software para seguir também com a lei brasileira.
A Regcheq foi fundada no ano passado em Santiago, capital do Chile, pelos chilenos Cristóbal Concha, Gonzalo Restini, Cristian Neely e Pedro Feres, executivos experientes em compliance, tecnologia e serviços financeiros.
No captable, estão investidores-anjos como os ingleses Andrew Mackay, William Armitage e Charlie Delingpole, todos com track record de investimento em negócios na área de compliance. Lá, o portfólio tem cerca de 100 companhias, incluindo fintechs, gestoras de recursos e factorings.
<<<< Dados não mentem >>>>
A lavagem de dinheiro é um problema mundial. Por ano, entre US$ 800 bilhões e US$ 2 trilhões, ou 7% do PIB global, são desviados por meio desse tipo de crime, conforme estimativa do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Por lei, no Brasil, instituições financeiras devem obrigatoriamente informar ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) sobre movimentações financeiras suspeitas de lavagem de dinheiro ou de financiamento do terrorismo realizadas por seus clientes. Atualmente, a base de dados do Coaf reúne mais de 34 milhões de comunicações de operações suspeitas e em espécie.
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