Por Lucas Hamú e Gabriel Meireles*, exclusivo para o Finsiders
As fintechs brasileiras estão transformando o setor financeiro ao proporcionarem serviços e produtos mais democráticos e diferenciados do que os bancos tradicionais. Elas promovem a inclusão financeira da sociedade ao diminuírem os custos operacionais e simplificarem o acesso ao crédito, por meio de aparelhos móveis e eletrônicos, em qualquer lugar.
Uma pesquisa da Febraban-Ipespe indicou que, em 2023, a confiança nas fintechs cresceu progressivamente, com cerca de 57% dos entrevistados dizendo confiar nessas empresas. As startups financeiras aplicam a tecnologia para incluir as pessoas, para que elas consigam realizar operações financeiras mesmo sem uma conta nos bancos tradicionais.
O desenvolvimento das fintechs no Brasil foi rápido, muito influenciado por novas regulamentações do setor que começaram a valer no meio da década passada. De acordo com a Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs), somente entre 2016 e 2022 surgiram 513 novas startups do setor financeiro.
Conforme o Fintech Report 2023, realizado pelo plataforma Distrito, o Brasil conta com aproximadamente 1,3 mil startups que se enquadram na categoria de finanças, a maior do mercado brasileiro de novas tecnologias.
Brasil é destaque
Dados do relatório Global Fintechs Rankings, da empresa britânica Findexable, apontam o destaque do Brasil nos ecossistemas mundiais de fintechs, as startups de serviços financeiros. O país ocupa o décimo quarto lugar no ranking global. O Fintech Report também mostra que a América Latina vem ganhando relevância no âmbito mundial. E nesse contexto, as fintechs brasileiras se destacaram em 2022 por receberem 40% dos US$ 9,4 bilhões de investimentos feitos em startups no país.
O futuro das fintechs é promissor, pois elas representam uma oportunidade de democratizar o acesso a serviços financeiros de qualidade, com mais eficiência, transparência e segurança. Além disso, contribuem para o desenvolvimento econômico e social do país, ao gerarem empregos, inovação e competitividade.
O Open Banking é um sistema que permite o compartilhamento de dados e serviços financeiros entre diferentes instituições, com o consentimento dos clientes. Uma das fases desse sistema, prevista para este ano pelo Banco Central, pode beneficiar as fintechs de crédito, segundo o Distrito Fintech Report, que acompanha as principais tendências e insights do mercado de fintechs. Com essa fase, as startups terão acesso aos dados financeiros e bancários dos clientes que autorizarem, e assim, poderão definir um score de crédito mais adequado para cada um deles.
Tecnologia
As fintechs se diferenciam dos bancos tradicionais por terem uma estrutura mais enxuta, uma maior agilidade na tomada de decisões, uma menor dependência de agências físicas e uma maior flexibilidade para se adaptar às necessidades dos clientes. Essas startups facilitam o acesso ao crédito, aos investimentos, aos pagamentos e às contas digitais, entre outros serviços.
Dessa forma, o setor torna-se mais acessível e inclusivo, dando oportunidades aos que estavam excluídos dos serviços bancários tradicionais com crédito acessível, empréstimos com juros adequados e parcelamentos moldáveis ao bolso do usuário.
As startups com produtos financeiros digitais contribuem para o crescimento econômico do país, pois estimulam as pessoas a serem mais ativas financeiramente e a terem maior controle sobre sua renda. Assim, elas podem consumir bens necessários ou realizar sonhos, como viajar para o exterior ou ter acesso a serviços de saúde de qualidade. As fintechs desempenham, então, um papel fundamental na economia global, contribuindo para a estabilidade da economia.
Os bancos tradicionais, por sua vez, perceberam a força da mudança e se adaptaram à nova realidade. Eles incorporaram ou desenvolveram alguns serviços com os mesmos princípios das fintechs ou se associaram a elas, em parcerias que beneficiam a todos. O trabalho em conjunto com as instituições financeiras alavanca o segmento com novos produtos e o aperfeiçoamento dos serviços que melhoram a experiência do usuário.
*Lucas Hamú e Gabriel Meireles são cofundadores da Dr.Cash, fintech que facilita crédito para pagamento de tratamentos médicos.
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