À espera da SCD, Asaas prevê receita 85% maior em 2021

Asaas
Reprodução: Instagram.

O segmento de PMEs têm se tornado cada vez mais o preferido de bancos digitais e fintechs. E não é por menos. Atualmente, elas são responsáveis por mais da metade dos empregos gerados no país e já representam 27% do PIB brasileiro. Com a pandemia, a busca de soluções voltadas para este público em específico aumentou, ajudando a movimentar o mercado.

Neste contexto, está a catarinense Asaas, que surgiu em 2013 como um software voltado para a emissão de boletos de cobranças, mas que, aos poucos, foi agregando novos serviços. Hoje, além de conta digital com soluções de pagamentos e cobranças, antecipação de recebíveis, emissão de NFS-e, consulta e negativação de clientes pela Serasa, a Asaas oferece serviços como o Pix e cartão pré-pago.

Desde março do ano passado até agora, a startup viu o faturamento e a base de usuários mais do que dobrarem. No primeiro semestre deste ano, a receita saltou 99% em relação ao mesmo período do ano passado. Já em junho de 2021, a quantidade de clientes teve um incremento de 77% em comparação ao mesmo mês de 2020.

A expectativa da fintech é fechar o ano com crescimento de 85% na receita e mais do que dobrar a base de clientes, em relação a 2020, considerando a tendência de aceleração do negócio no segundo semestre. Todos esses dados foram divulgados com exclusividade ao Finsiders.

“O nosso crescimento foi impulsionado pela necessidade do pequeno empreendedor de fazer a sua transformação digital para poder continuar vendendo e fazendo negócios de casa, pela internet”, comenta Piero Contezini, fundador e CEO do Asaas, em entrevista ao Finsiders.

Recentemente, o Asaas adquiriu a startup Base ERP, um SaaS baseado em nuvem para gestão de pequenos negócios, que permitiu ampliar ainda mais o seu portfólio de produtos. A fintech não descarta novas aquisições em breve. Para isso, está com o tanque cheio.

Em outubro do ano passado, captou R$ 37 milhões em uma rodada liderada pelo inovaBra Ventures, do Bradesco. O valor também está sendo investido em marketing, com o objetivo de contribuir para a expansão do negócio a nível nacional.

“O foco é virar assistente do empreendedor”, diz Contezini. Segundo ele, a fintech já movimentou mais de R$ 7,4 bilhões e superou 23 milhões de cobranças pagas. Ao todo, a empresa possui mais de 81 mil clientes, com expectativa de chegar a 100 mil até o fim do ano.

Após ser autorizado, em junho, para operar como instituição de pagamento (IP), o Asaas aguarda a licença para operar como Sociedade de Crédito Direto (SCD).

Reforços

Nos últimos dias, o Asaas anunciou a contratação de João Vitor Possamai como o novo chief financial officer (CFO). Com passagens pelo banco de investimentos Macquarie Group e pelo HSBC, Possamai ocupava o cargo de diretor no CPP Investments — fundo de pensão canadense — atuando em investimentos no setor de infraestrutura na América Latina.

O outro nome é o de Bruno Dequech Ceschin, empreendedor e investidor, que assume como diretor de desenvolvimento corporativo no Asaas. Ele será responsável, dentre outras funções, por liderar esforços de captação de recursos táticos e estratégicos, além da integração de novos produtos na plataforma. Antes de assumir o cargo, Bruno atuava como presidente da Jupter, plataforma para encontrar, financiar e lançar startups no Brasil.

Gestão financeira

Crescimento acelerado à parte, Contezini não se intimida quando o assunto são os concorrentes. “A gente é uma ameaça maior para eles. Estamos com um portfólio de produtos muito maior, capitalizados, mas o que eu posso dizer é que há um cenário competitivo considerável. Entretanto, a gente não tem registro de perder concorrentes para quem consideramos como ameaça. Nosso principal concorrente é o cara quebrar”, diz.

Apesar de o fundador não enxergar competidores no segmento, há alguns exemplos no mercado de fintechs que vêm avançando em gestão financeira para pequenas e médias empresas (PME). No fim de abril, conforme noticiado pelo Finsiders, o Manda pro Financeiro recebeu um aporte de R$ 400 mil em um round liderado pela investidora-anjo Angélica Nkyn, ex-executiva da Accenture e membro de conselho de startups.

Outro competidor, mas com modelo diferente, é a paranaense Celero, que mais do que dobrou a base de clientes em 2020 e manteve o ritmo de crescimento na ordem de 15% ao mês. Aos poucos, quer começar a atender empresas menores em sua plataforma de departamento financeiro online, informou em fevereiro o founder e CEO, João Henrique Tosin, ao Finsiders.

Engrossam a fila ainda a Contabilizei, escritório de contabilidade online que atende micro e pequenas empresas (investida do Softbank em junho, inclusive), além da Conta Azul, que oferece um sistema de gestão online para PMEs. O Rupee, de gestão contábil, também se aproxima deste modelo, com previsão de faturamento na casa dos R$ 6 milhões até o fim do ano, revelou o CEO, Guilherme Baumworcel, em entrevista recente ao Finsiders.

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